Levantamento

Tráfego de veículos em BH em dezembro já é maior do que antes da pandemia

Fluxo pela região central de BH é quase 2% maior do que o registrado antes do primeiro fechamento mais rigoroso na capital, em março

Por Paula Coura
Publicado em 23 de dezembro de 2020 | 14:14
 
 
 
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O aumento de casos de coronavírus neste mês de dezembro pode ser explicado por um baixo isolamento social, advertem especialistas. Um dos índices que comprovam que a população tem saído mais de casa é o aumento no fluxo do trânsito.

Em Belo Horizonte, por exemplo, os índices mostram que o tráfego pela área central está com movimentação maior do que o registrado antes da pandemia. 

Uma semana antes do primeiro caso de coronavírus ser confirmado em Belo Horizonte, entre os dias 9 e 13 de março, uma média de 279.567 veículos trafegavam pelo centro da capital.

Na semana posterior ao decreto em o prefeito Alexandre Kalil fechou a cidade com mais rigor pela primeira vez, entre os dias 23 e 27 do mesmo mês, 128.759 veículos rodavam pela mesma região, o número mais baixo de toda a pandemia até então.

Na última semana, porém, entre os dias 14 e 18 de dezembro, 284.741 veículos trafegavam, de segunda a sexta-feira, pelos nove pontos monitados pela BHTrans, crescimento de quase 2%.

Comparação com outras capitais

Se comparada a outras capitais da região Sudeste, Belo Horizonte teve um redução de 2% em relação ao tráfego de veículos registrado no dia 12 de dezembro - a última data divulgada -  em relação aos dias 2 e 8 de março deste ano.

Em São Paulo, por exemplo, houve um aumento de 6% na mesma comparação, Vitória, 12% e Rio de Janeiro teve o maior recrudescimento de veículos, redução de 11%. Esses dados são do  BID, que mede índice diário de congestionamento em várias cidades no mundo. 

Em todo o Brasil, conforme os registros do BID, houve um aumento de 45% no tráfego de veículos no dia 12 deste mês, em comparação com o perído de 2 a 8 de março. De lá para cá, o menor índice de movimentação no trânsito foi em quatro de outubro, quando o tráefego ficou 79% menor. 

Mais desafios

Para equalizar a conta - menos carros nas ruas e mais pessoas sendo transportadas - é preciso investir em transporte público. Como 2020 foi um ano completamente atípico, o aumento e a redução no fluxo de veículos nas ruas também foi variavel, sendo difícil a comparação até mesmo com períodos similares em anos anteriores. Para o professor Paulo Monteiro, mestre em engenharia de trânsito da Cefet e da UFMG, a pandemia trouxe a necessidade ainda mais latente de melhorar o sistema. 

"O poder público tem que colocar dinheiro no transporte coletivo para as pessoas não terem a necessidade de sempre irem de carro a todos os lugares. Com a pandemia, ainda não temos um retrato padrão do que pode estar aumentando o fluxo de veículos. Muitas pessoas perderam o emprego e deixaram de usar o transporte coletivo, muitas em home office, assim como muitas passaram a se deslocar por aplicativos e veículos", explica. 

Ele também alerta que com o transporte público mais esvaziado - medida para manter o isolamento social durante a viagem - as empresas devem propor reajustes maiores no próximo ano e, esse aumento, a primeira vista, pode fazer com que mais pessoas deixem de usar os coletivos, podendo agravar ainda mais o problema do grande volume de tráfego nas cidades.

"Uma das alternativas é o MAAS (Mobilidade como um serviço), uma plataforma de transporte coletivo por demanda, serviço já estudado em algumas cidades do Brasil. É uma lógica nova que como tudo que é novo tem uma série de interrogações, mas que precisa ser tentado", explica o especialista.

Nesse modelo, por exemplo, os usuários podem acessar serviços públicos e privados através de um servidor de acesso unificado  que cria e gerencia a viagem, sendo que o pagamento seria feito em uma única conta. 

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