Serra

Traficante que fez plástica e perdeu 20 kg para enganar polícia é preso

Homem ficou dois anos e meio foragido e foi encontrado em Betim, na região metropolitana da capital

Por Mariana Nogueira
Publicado em 10 de julho de 2019 | 13:59
 
 
 
normal

As várias plásticas no rosto, os 20 quilos a menos e o implante de cabelos não foram suficientes para impedir que João Batista da Silva, o “Gigante”, 45, um dos traficantes mais procurados do Estado e um dos líderes do tráfico no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, fosse preso pela Polícia Civil após dois anos e meio foragido. Encontrado há três semanas em Betim, na região metropolitana da capital, ele foi apresentado nesta quarta-feira (10) pela corporação.

"Gigante" é conhecido no mundo do crime por ser o principal fornecedor de drogas do Aglomerado da Serra. É ele quem articula toda a comercialização, para todas as sete vilas do aglomerado. Ele desapareceu no início de 2017, quando já estava preso no presídio Dutra Ladeira há cinco anos por tráfico de drogas, e se aproveitou do benefício de uma saída temporária para fugir. Desde então, de acordo com as investigações da Polícia Civil, que duraram sete meses, o homem tem se escondido em um apartamento de luxo no bairro Laranjeiras, em Betim.

Silva foi preso na rua da sua casa. Ele chegou a tentar fugir em um veículo Honda CRV, do qual era proprietário, quando percebeu a chegada dos policiais, mas foi alcançado em seguida. Dentro do carro dele, de acordo com a polícia, havia uma mala de roupas pronta para casos de fuga. Celulares e outros aparelhos eletrônicos também foram apreendidos. Para o delegado Rafael Horácio, chama a atenção tempo em que o criminoso ficou desaparecido e cirurgias plásticas foram determinantes para que ele não fosse encontrado antes.

“É uma pessoa que é procurada há dois anos e meio no meio policial, sendo um dos chefes do tráfico no Aglomerado da Serra, então com certeza ele fez todas essas cirurgias com a intenção de evadir da Justiça. Ele é conhecido por ser um indivíduo de alta periculosidade e é um dos cabeças do aglomerado. Ele nega as mudanças, não reconhece que fez as cirurgias plásticas, até por uma questão de vaidade, não sei como é isso no meio criminoso. Mas foram várias mudanças. Ele aparenta ser uma pessoa mais jovem, o rosto está sem nenhuma ruga, e, com a perda de peso, verifica-se que ele tem praticado atividade física constante”, afirmou.

A polícia acredita que Silva não estava atuando no tráfico em Betim, para que tivesse o local apenas como lugar de fuga. A atuação dele nos últimos dois anos e meio ainda é investigada. De acordo com o delegado, não é possível precisar quantas ou quais cirurgias foram feitas pelo criminoso, mas as clínicas onde os procedimentos foram realizados são particulares e serão investigadas. Um possível envolvimento dos cirurgiões não é descartado.

“Isso ainda é fruto de investigação. Nós estamos apurando, até mesmo porque eu quero descobrir qual é a relação dessas cirurgias com a fuga dele, com o fato de ele não ter se apresentado e ter continuado na obscuridão. A clínica será investigada sem dúvidas. Existe a possibilidade de o cirurgião não saber, mas, ao mesmo tempo, existe a possibilidade de ser um comparsa”, afirmou.

Ao todo, desde 2007, Silva foi preso cinco vezes por tráfico de drogas, associação ao tráfico e tráfico interestadual. Todas as prisões, contudo, foram temporárias, segundo confirmado pela Polícia Civil. Em junho deste ano, a Justiça o condenou a nove anos de prisão pela fuga e por envolvimento no tráfico. O traficante também é apontado como sendo o mandante do homicídio de David Michel França Gonçalves, o Linguicinha, morto na escada do Aglomerado da Serra em 2010.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!