Na cozinha da sua casa, Carla Regina Gomes, de 46 anos, passou a noite em claro após a queda da varanda de uma residência vizinha, na noite desta terça-feira (3), após as constantes chuvas dos últimos dias. Tetraplégica, ela sabia que não teria como correr se a casa dela também desabasse na rua Esmeraldas no bairro Maria da Conceição, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.
"Eu passei a noite na cozinha com medo de desabar e falei com minha filha que se acontecesse algo era só ela tentar me puxar, por que eu não me mexo, mas ela ao menos tentava me salvar. Minha preocupação não é a casa, é a vida. A casa a gente reconstrói, a vida não. Se caísse eu não tinha como correr, mas Deus foi misericordioso e não deixou isso acontecer", agradeceu Carla.
Nesta quarta-feira (4) a Defesa Civil esteve na rua e oito casas, incluindo a de Carla, foram interditadas por causa do risco de queda. Os imóveis ficam próximo a um barranco e um muro de arrimo que cederam. Apesar dos estragos e do susto, ninguém se feriu. Na casa onde a varanda cedeu, os moradores já tinham sido retirados.
A pensionista Tereza Alves Ferreira, de 68 anos, morava na casa há 40 anos. Ela e os netos estão morando de auxílio aluguel há dois meses. "Tenho nem sono para dormir mais, estou a troco de remédio. Eu reformei a casa há pouco tempo, ainda nem terminei de pagar. Eu gostava de ficar deitada nessa varanda com meus netos e meu cachorro, agora acabou tudo", lamentou.
Outra moradora que foi retirada de casa, Hilda Ferreira, 38, contou que em janeiro deste ano, começou uma erosão na região e que a situação foi só piorando até culminar nas quedas da varanda, muro e barranco. "Tem crianças, tem idosos. É um terror para quem mora aqui, qualquer estalo faz as pessoas ficarem assustadas", contou.
O coordenador da Defesa Civil de Contagem, Samuel Lara, disse que a área onde as famílias moram não é área de invasão e está tudo legalizado. "O desabamento da varanda, desestabilizou o muro de contenção e causou risco para as oito residências, por isso a necessidade dos moradores saírem", relatou.
Segundo ele, os moradores vão receber um auxílio moradia no valor de R$ 700. As famílias alegam que a quantia é insuficiente para o aluguel e que não estão achando residências neste valor. "A gente quer uma solução, queremos que solucionem o problema e possamos voltar para casa", disse Tereza.
Ainda não se sabe o que causou o problema, mas segundo Lara, técnicos da Prefeitura de Contagem devem ir ao local para avaliar o sistema pluvial da rua e tentar identificar o que está ocorrendo. A Copasa também poderá ser acionada para avaliar a rede de esgoto local.
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