Dos cerca de 16 mil leitos de UTI adulto existentes no Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, em torno de 95% estão ocupados. Em um cenário de avanço de coronavírus no país, seriam necessários ao menos 3.200 novos leitos para atender a demanda, segundo a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib).
Nesta quinta-feira (12), o Ministério da Saúde anunciou que vai disponibilizar até 2.000 leitos de UTI em hospitais do SUS para o tratamento da doença, e o governo de São Paulo declarou que 1.000 novos leitos serão criados no Estado.
Em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) disse que não é possível estimar o número de casos futuros e não informou quantos leitos novos seriam necessários. No Estado, existem atualmente 4.449 leitos de UTI, sendo 2.858 no SUS, e 508 de cuidados intermediários.
“Não temos muita margem para o aumento de demanda”, afirmou o membro do conselho consultivo da Amib, Ederlon Rezende.
Em janeiro, o Ministério da Saúde tinha anunciado a oferta de 1.000 novos leitos de UTI para casos de coronavírus, mas o número foi duplicado. “Hoje, com as informações sobre o que está acontecendo na Itália, o nível de preocupação com leitos de UTI aumentou”, disse o secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo. Segundo ele, há um total de 28 mil leitos habilitados pelo governo federal no SUS.
Em São Paulo, onde já há transmissão sustentada da doença (contágio entre pessoas que não viajaram), o governo do Estado estima que 1% a 10% da população contraia coronavírus nos próximos quatro meses. Do total de pacientes, a expectativa é que 20% deles necessitem de atendimento médico.
Para o pesquisador e professor de Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Unaí Tupinambás, preocupam os impactos da doença nos serviços de saúde. Ele acredita que o pico de casos da doença no Brasil deve ocorrer entre meados e final de abril. “Mas isso é futurologia. Temos que saber as atitudes das autoridades sanitárias, de ajuda e autocuidado que serão adotadas”, disse.
Segundo a SES-MG, “a preocupação maior é com um possível aumento no número de casos durante o inverno”, que começa em 20 de junho. Conforme a secretaria, o Estado está buscando organizar os serviços de saúde pública para atendimento da demanda e, “havendo necessidade de medidas adicionais, elas poderão ser adotadas”. A pasta informou que está preparada para receber novos casos de coronavírus. Destacou, ainda, que a maior parte dos pacientes tende a apresentar sintomas considerados leves, sem necessidade de hospitalização e que podem ser acompanhados pela atenção primária dos municípios.
Para o médico infectologista da Unimed BH, Adelino de Melo Freire Júnior, considerando as informações disponíveis até o momento e o comportamento do vírus em outros países, deve haver aumento significativo de casos nas próximas três a quatro semanas. Ele diz que “é de se esperar que experimentemos pico da epidemia antes do inverno”.
Áudio fala em 45 mil casos na Grande SP nos próximos quatro meses
Um áudio atribuído ao médico Fábio Jatene, do Instituto do Coração (Incor), que viralizou nesta quinta-feira (12), diz que, em uma reunião científica realizada no hospital sobre coronavírus, o infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingenciamento do Novo Coronavírus em São Paulo, teria dito que, nos próximos quatro meses, devem haver 45 mil casos na Grande São Paulo. O áudio diz que seiram necessários de 10 a 11 mil leitos de UTI.
"O David disse que a partir de hoje os casos vão explodir no Brasil. Porque já passou a ter a transmissão, que eles chamam, comunitária. Não é quem foi viajar, agora, quem não foi viajar já está passando para o outro que não foi viajar"
O infectologista David Uip confirmou em entrevista coletiva que o áudio é verdadeiro, mas ressaltou que o cálculo feito por Jatene trata-se do pior cenário previsto.