Insistência

Guedes volta a defender imposto aos moldes da CPMF como solução tributária

Ministro da Econmia afirmou que os tributos sobre pagamentos ou sobre transações digitais seriam uma forma de viabilizar uma redução de impostos sobre as empresas

Por Folhapress
Publicado em 03 de julho de 2020 | 19:50
 
 
 
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender a implementação de um imposto similar à extinta CPMF como forma de ampliar a base de arrecadação do governo. O modelo já foi rejeitado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Em videoconferência sobre os caminhos para superar a crise, promovida nesta sexta-feira (3) pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), o ministro afirmou que os tributos sobre pagamentos ou sobre transações digitais seriam uma forma de viabilizar uma redução de impostos sobre as empresas.

"Tem que ampliar a base de tributação. Em vez de ter só uma base de consumo e renda - e o Brasil tributa demais o consumo com impostos indiretos, que são regressivos, e de menos a renda -, é melhor, em vez de aumentar muito o Imposto de Renda, criar uma outra base de tributação qualquer, que podem ser transações digitais, pagamentos, alguma coisa que te permita manter alíquotas baixas", disse.

A instituição do imposto sobre pagamentos é vista com bons olhos por Guedes, que considera a medida uma forma de promover uma ampla e permanente desoneração da folha de salários das empresas.

Bolsonaro, entretanto, é contra a ideia. Em setembro do ano passado, o então secretário da Receita Marcos Cintra acabou demitido após defender o imposto. Depois, o presidente chegou a dizer que a discussão sobre o tributo poderia ser retomada, mas ponderou que a CPMF está demonizada.

Esta também não é a primeira vez que o ministro sugere a taxação de transações digitais, como por aplicativos de celular ou outros pagamentos pela internet.

Na videoconferência, Guedes disse que a prioridade do governo é aprovar novos marcos regulatórios que podem promover investimentos privados no país.

Ao mesmo tempo, afirmou que o governo dará "os primeiros passos" na reforma tributária. Segundo ele, a proposta do governo está pronta e depende de alinhamento político para ser enviada ao Congresso.

Na primeira fase, deve ser proposta a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), com a integração de PIS e Cofins. De acordo com o ministro, governos regionais também serão convidados à reforma, com inclusão futura de tributos estaduais no sistema.

Guedes disse ainda que será proposta uma tributação sobre dividendos. "Não é razoável nem socialmente justo que alguém que vive de capital pague zero de Imposto de Renda sobre dividendos, enquanto o trabalhador paga até 27,5%", afirmou.

 

 

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