Ex-governador

Lava Jato denuncia Cabral e 'doleiro dos doleiros' por lavagem de R$ 1,7 milhão

De acordo com o Ministério Público Federal, recursos obtidos por corrupção e licitações fraudulentas foram movimentados a serviço do ex-governador

Por Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de abril de 2020 | 17:22
 
 
 
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A força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro denunciou o ex-governador do Estado Sérgio Cabral e o "doleiro dos doleiros" Dario Messer por esquema de evasão de divisas e lavagem de US$ 303 mil (cerca de R$ 1,7 milhão) realizado em 2011. O ex-presidente do Banco Prosper, Edson Figueiredo Menezes, também foi denunciado.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), recursos obtidos por corrupção e licitações fraudulentas foram movimentados por Messer e Menezes (codinome "Gigante") a serviço de Cabral. O esquema consistiu na compra de US$ 303 mil em vinhos em um leilão internacional para o ex-governador fluminense, cujo valor foi ressarcido pela rede de doleiros de Messer.

A Procuradoria identificou transações de Cabral com o valor equivalente a US$ 303 mil em reais para conta nas Ilhas Cayman administrada pela offshore Remo Investments, de Menezes. O dinheiro foi repassado por intermédio da rede de doleiros de Messer.

A denúncia foi apresentada perante a 7ª Vara Federal Criminal do Rio, comandada pelo juiz Marcelo Bretas. Caberá ao magistrado decidir se acolhe o caso e coloca Cabral, 'Gigante' e o 'Doleiro dos doleiros' no banco dos réus. O trio poderá responder pelos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, cujas penas chegam a 20 anos de prisão e reparação aos cofres públicos no valor estimado de R$ 1,7 milhão.

Cabral está preso desde novembro de 2016, quando foi detido na operação Calicute, desdobramento da Lava Jato Rio. O ex-governador já foi condenado a penas que somam 282 anos de prisão e teve pedido de soltura negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao alegar vulnerabilidade perante o novo coronavírus. Delator, Cabral firmou colaboração premiada com a Polícia Federal, homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin.

Dario Messer, por sua vez, é investigado na Câmbio, Desligo e é réu por crimes contra o sistema financeiro. O MPF acusa o doleiro de constituir um "grandioso esquema" de movimentação de recursos ilícitos no Brasil e no exterior por meio de dólar-cabo - operações de compra e venda da moeda estrangeira na qual o doleiro pede ao cliente que deposite o valor em reais em sua conta para transferir, a partir de outra conta no exterior, o valor convertido. O mecanismo burla os controles de fiscalização financeira.

Messer foi posto em regime domiciliar após ter suas prisões preventivas convertidas por decisões judiciais que seguiram a recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre a liberdade provisória ou prisão domiciliar a presos do grupo de risco do novo coronavírus. Ele estava detido desde julho de 2019, quando foi preso em São Paulo após ficar foragido da Justiça.

"Os fatos narrados na denúncia não correspondem com a verdade. Se a acusação prosseguir e alcançar a fase de instrução, a Defesa provará de forma cabal a inocência de Dario Messer", informou a defesa de Messes.

"Mais uma denúncia que faz parte de um fatiamento de acusações criando um passivo criminal irreal. O ex-gov. está determinado a esclarecer irremediavelmente todos os fatos. É colaborador da Justiça, o acordo foi assinado com a Polícia Federal e homologado pelo min. Edson Fachin no Supremo Tribunal Federal", afirmou a defesa de Cabral.

A reportagem busca contato com a defesa de Edson Figueiredo Menezes, mas não obteve resposta.

 

 

 

 

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