Live do Tempo

'Nosso maior recurso é o meio ambiente preservado', diz presidente da Embratur

Gilson Machado Neto falou sobre os planos para estimular o turismo interno neste momento de pandemia e para atrair os visitantes estrangeiros depois que a crise passar

Por Americo Ventura
Publicado em 07 de julho de 2020 | 19:17
 
 
 
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Em entrevista à live do Tempo nesta terça-feira (7), o presidente da Embratur, Gilson Machado Neto, falou sobre  os planos da Embratur para estimular o turismo interno neste momento de pandemia e para atrair os visitantes estrangeiros depois que a crise passar. Ele disse que setor no país tem muito potencial de crescimento e pode representar mais de 8% do PIB como é atualmente.  Ele aposta na diversidade ambiental, cultural, história e gastronômica para virar o jogo a favor do Brasil. E também afirmou que não há  preconceito no governo com o turismo LGBT. Confira a entrevista.

 

 
O senhor tocou Riacho do Navio na live do presidente Bolsonaro, que está com Covid-19. O senhor também vai fazer o exame?

 

Vou fazer sim, será o sexto exame que faço. Todos deram negativo.

 

O presidente sancionou a MP 907, que criou a nova Embratur. Ele vetou o artigo que liberava o uso dos recursos do Fundo Nacional de Aviação e do Fundo S. De onde virão os recursos para financiar a empresa.

 

Ele vetou o artigo para não usar o imposto de US$ 19 da passagem internacional. O Fundo Nacional de Aviação vamos poder usar junto com o Ministério do Turismo. A gente também vai poder explorar a marca Brasil e estamos esperando que venham recursos do Congresso. Somos uma agência e podemos fazer trabalho para outras entidades. A marca Brasil só quem vai poder autorizar o uso será a Embratur. A gente, com um modelo de agência, tem ganhos de flexibilidade, velocidade, respeito ao dinheiro público. Antes, de cada US$ 1 milhão que a gente investia perdia em torno de 75% na atividade meio, com missões, impostos. Agora, com os escritórios que vamos montar na Europa, em Portugal, em Buenos Aires, na Argentina, em Miami, nos EUA, na China e em Dubai, conseguimos contratar diretamente, Vai ficar em torno de 75% para a atividade fim. Vamos otimizar o recurso.

 

O que pode dizer sobre a utilização do Brasil com Z na publicidade externa?

 

Se pegar o Google e escrever Brasil com S, só vai aparecer notícias ruins, crimes, assalto. Se você botar Brasil com Z, que é como o país é conhecido no mundo, vai ver que vai aparecer turismo, recursos naturais, Já pensou se a Alemanha, a China e o Japão divulgarem o país na língua deles? Então, estamos numa língua internacional que é o inglês, esse é principal motivo. E a respeito do Visit and love us, eu quis dar conotação de que não é apenas o Brasil físico, mas como uma nação, como um todo. O Brasil é muito mais do que só a parte física, territorial. O Brasil tem um povo do qual 96% das pessoas que vêm ao país voltam morrendo de saudade do brasileiro, que é o povo mais acolhedor do mundo.

 

Uma fonte de recursos para a Embratur vai ser comercializar a marca Brasil. Como está essa marca, está em alta, é um produto fácil de comercializar?

 

A marca Brasil, a gente está, aos poucos, através do presidente Bolsonaro, recuperando a auoestima do brasileiro, a confiança dos investidores no mundo todo, isso é público e notório. E eu não tenho dúvidas que o Brasil sim, vai ser uma das marcas mais fortes do mundo. Não tenho dúvidas de que a gente vai sim recuperar, não é fácil. Eu já vi várias pessoas do meu entorno falando mal do país. Assim, não adianta a Embratur ter milhões de dólares para divulgar o país - e fosse aporvado tudo o que a gente queria, a Embratur ia passar para em torno de US$ 120 milhões. Eu tenho 11 milhões de brasileiros que viajam para o exterior. O governo brasileiro está modificando isso, estamos trabalhando muito, temos que ter orgulho do nosso país, Nós temos o país mais preservado, 66% do nosso território são de florestas intocáveis. Nós produzimos grande parte da comida do mundo em apenas 8% do território brasileiro. Nosso maior recurso, maior bem, é o nosso meio ambiente preservado. E para o turismo é o mais imnportante ainda. Turista só volta se ele chegar no mar para mergulhar e encontrar o peixe, se o pescador que vier para uma pescaria esportiva  e encontrar o tucunaré em abundância. Olha a variedade de peixes que só o Brasil tem. Se a natureza não tiver preservada, se o turista encontrar lixo nas praias (não volta). Em torno de 70% da população brasileira mora a 200 km da faixa do litoral. Isso é uma prioridade do governo, que a gente está fazendo, que o meio ambiente seja o maior bem para a divulgação do nosso país. 

 

Com relação à divulgação, com que tempo vocês trabalham para trazer o turista estrangeiro para o Brasil? 

 

Quero dizer que fiquei muito triste com essa pandemia bíblica que o poaís está sofrendo agora. Tínhamos vários planos, contatos, alguns já acertados com grande redes internacionais de midia online e offline. Tínhamos mais de 45 feiras já marcadas, inclusive algumas com depósito feito, com reserva de piso. A gente estava nos estruturando para abrir os escritórios em todos os continentes, principalmente em parceria com a Apex e com as embaixadas brasileiras. Mas chegou essa tragédia. A gente modificou por enquanto, até fim da pandemia, o escopo da Embratur. Hoje, só podemos fazer ações dentro do Brasil. O mundo todo está assim, as fronteiras estão fechadas. A gente tem que lutar por enquanto pelo nosso turismo interno, pela manutenção dos empregos ligados ao turismo no Brasil, que representa em torno de 8% dos empregos no país. E dos países turísticos, fomos um dos que menos demitiu. O governo fez as MPs 966, 948, inclusive conseguimos manter o fluxo nas empresas, através da não devolução das reservas já depositadas e que serão honradas depois. As companhias aéreas estão numa situação muito difícil. Num país continental como o nosso, a gente vê que o turismo vai sofrer muito com isso. Um dos focos da Embratur e do Ministério do Turismo em conjunto com a Secretaria Especial da Cultura é que a gente promova o turismo de curta e média distância para continuar mantendo pelo menos o fluxo necesário para a manutenção dos empregos.

 

Você ficou supreso com a família de Luiz Gonzaga se pronunciar daquela maneira diante de você ter tocado Riacho do Navio na live de Bolsonaro?

 

Eu quero dizer que sou discípulo de Luiz Gonzaga. Tenho orgulho de tocar em todos os meus eventos, meus shows. Já fiz mais de 3.000 no Nordeste, não subi no palco sem tocar pelo menos uma ou duas músicas de Luiz Gonzaga. A primeira música que aprendi foi Asa Branca. Eu sei que (minha relação) com ele está muito acima do plano terráqueo, está no plano espiritual. É o que eles acham, não posso ir contra, fico triste, mas não abala minha relação com  Luiz Gonzaga.

 

O Brasil é um dos países mais fortes em turismo LGBT. Cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópoilis e Salvador estão no ranking das cidades do mundo mais procuradas por esse tipo de viajante. Pesquisa do Fórum de Turismo LGBT revelou que esse é um público com altíssimo poder aquisitivo, o setor movimentou US$ 218 bilhçoes em 2018. A Embratur pretende investir nesse segmento?

 

O turismo LGBT representa em torno de 14% do turismo no Brasil hoje. É um turismo importantíssimo, a gente não tem discriminação contra sexo no turismo. Todos são brasileiros, são bem-vindos. Eu, inclusive tenho uma pequena pousada no interior de Alagoas, em São Miguel dos Milagres, onde recebo muitos turistas LGBTs, e aqui no Brasil a gente não tem preconceito nenhum contra esse tipo de turismo. No mundo todo, é um turismo que cada dia mais se fortalece, e é um nicho de turista que vai para pousadas de charme, viaja mais, gasta muito, gera muito emprego e renda, é um turismo de alto luxo e a gente sempre está divulgando em feiras, não temos nada contra, muito pelo contrário. 

 

O Brasil sempre investiu no património natural, sol e praia. O Caribe tem e é mais barato para o europeu e o norte-americano. Não está na hora de mudar um pouco o foco dessa política de promoção no exterior? As manchas de óleo no ano passado nas praias do Nordeste e o desmatamento da Amazônia podem prejudicar o Brasil como destino de ecoturismo?

 

Caribe tem sol e praia, 360 dias por ano, com águas quentes, sem  furação? Então, já matei o Caribe. O que falta é o Brasil estar na prateleira, divulgar. Não afdianta eu sair para divulgar o Brasil lá fora quando países como o México têm US$ 500 milhões para isso. Ano passado, estava com 25 jornalistas dos Estados Unidos para virem conhecer o Brasil, iam fazer Amazônia, praias do Nordeste, Pantanal, Serra Gaúcha e de uma hora para outra a viagem foi estranhamente cancelada. Eles escolheram ir para outro lugar porque a briga pelo turista internacional lá fora é briga de cachorro grande. O turismo é dinheiro na veia da economia, dinheiro limpo, de geração de emprego e renda, que diminui o índice de violência. O México é o país mais violento do mundo, mais recebe quase quatro vezes a quantidade de turistas que o Brasil. Só o museu subaquático de Cancún recebe quase 1 milhão de turistas por ano. O nosso foco na Embratur mudou, é o que Deus deu de maior patrimônio, a nossa natureza. Somos o país com o maior potencial hídrido do mundo. Nenhum país se iguala ao Brasil na quantidade de rios e margens de lagos e represas. nenhum país tem a quantidade de peixes de água doce, de pássaros para observação. Dos cinco mais importantes peixes de pesca esportiva de mar no mundo, nós temos dois recordes nmundiais, inclusive o do peixe mais importante que é o marlin e  outro foi quebrado há 30 dias, que é o amberjack, o arabaiana, que foi pescado na Bahia e pesou 82 kg, o recorde antes era de um japonês. Não temos furação, maremoto, terromoto, guerras, temos águas quentes o ano todo, limpas, e temos o turismo de natureza, da Amazônia, dos barcos-hotéis. O Brasil vai ser o protagonista no turismo cada vez mais depois da pandemia, por causa da procura pelo turismo de natureza, segurança sanitária, de pouca aglomeração. E nenhum país do mundo se iguala ao nosso, nenhum tem seis biomas: Mata Atlântica, Amazônia, Pantanal, Pampas, Caatinga e o Cerrado. E, além disso, temos a Amazônia Azul, com mais de 800 ilhas. Todo mundo tem medo do Brasil como real competidor. Qual o país que tem uma cultura que se compara à nossa em diversidade e variedade? São João no Nordeste gera em torno de R$ 1,5 bilhão por ano. Canaval, axé na Bahia, samba no Rio de Janeiro, blocos de ruas pelo Brasil todo, maracatu em Pernambuco, o frevo. Temos uma cultura sertaneja que ninguém sem igual, o maior rodeio do mundo em Baretos e o terceiro maior, de Jaguariúna. 

 

O que a gente pode esperar para Minas Gerais?

 

Minas Gerais tem um ministro do Turismo super competente, o Marcelo Álvaro Antônio, um deputado que luta muito pelo turismo, o Newtinho Cardoso, a vocação, e faz o melhor queijo do mundo da serra da Canasta. Tem o maior museu a céu aberto do mundo e, além disso, a criação de cavalos, que no Brasil emprega mais gente do que a indústria automobilística. O centro de  criação de cavalos hoje no Brasil é Minas Gerais. A raça de cavalo brasileira mais reconhecida no mundo é o mangalarga mineiro, conhecido como marchador. A gente vai fazer uma parceria com a Associação Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador para divulgar não só dentro no país, mas levar para o mundo. Isso agrega a família. Na semana passada, a associação doou 20 cavalos marchador à primeira-dama Michelle Bolsonaro para fazer ecoterapia em Brasília. Somos otimistas com o país. Foco da Embratur era caipirinha e experiência em favela, Se tivesse dado certo, eu teria continuado. Mas tivemos uma Olimpíada, uma Copa das Federações, Copa do Mundo e não conseguimos passar dos 6,5 milhões de turistas.

 

A sua proposta era subir para 12 milhões em quatro anos. Essa meta ainda continua mesmo com a pandemia?

 

Não tem como. A gente não sabe quando vai terminar. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, a gente só vai sair dela em 2023. Estou vendo as reservas em hotéis para janeiro chegando perto dos 70% comparado com janeiro do ano passado. Eu penso que se não houvesse a pandenia, estaríamos nadando em céu de brigando. A Embrartur trabalhou até maio deste ano sem recurso, com dinheiro que tinha do instituto, em torno de US$ 8 milhões por ano. A gente tem vontade de acertar, tínhamos fechado acordos, mas não sabemos ainda quando as feiras internacionais vão voltar. Estamos segurando o dinheiro da Embratur, e temos como trabalhar hoje. Tenho apenas 33%  dos cargos ocupados, articulando com todo o trade e assim que acabar a pandemia, vamos botar o Brasil na prateleira.

 

Como vai ser essa ação inicial e para quando isso deve começar? Como está sendo trabalhado a questão do crédito?

 

A MP 963 destina R$ 5 bilhões para socorro da atividade turística através do Fungetur. Vai contemplar o guia turístico até os grande operadores. Essa verba será destinada através de 17 entidades públicas. Quando ao turismo de proximidade, nós temos 11 milhões de brasileiros com alto poder aquisitivo que tendem a não viajar dentro do Brasil. Ser brasileiro é estar sempre ao lado de um destino incrível. Temos história, cultura, gastronomia e recursos naturais. Turismo regional vai ser o motor econômico da recuperação e da manuitenção de empregos no Brasil. Muita gente alegava falta de segurança no Brasil, tenho dados do Ministério da Justiça de que os cases turísticos brasileiros têms o mesmo índice de segurança da França, da Suécia, Suíça.  No turismo de natureza, temos segurança. Estamos estimulando para que não viagem para o exterior, mas para aqui no Brasil.

 

Como vê a situação das companhias aéreas?

 

Sou muito solidário à situação que estão passando. Fui com o vice-presidente da Azul ao ministro Marcelo Álvaro Antônio pra gente tentar equalizar ações na economia e na infraestrutura, no MInistério da Justiça, na Anvisa, para que os voos internacionais para o turismo voltem a ocorrer em todos os aeroportos em que se tenha uma estação da Anvisa. Vai demorar, a Azul demitiu, na semana passada, 2.500 funcionários. A Azul tem 152 aviões, dos quais 32 estão voando. Avião no solo causa muito prejuízo. A Embraer vai sofrer muito com a pandemia,  pois a Azul é a sua maior cliente. Hoje, 75% das ecomendas da Embraer são provenientes da Azul até 2024. Criamos um grupo de estudo para diminuir o encargo das companhias aéreas. Por exemplo, o combustível de avião no Brasil é o mais caro do mundo. 

 

O que vão fazer para diminuir o preço?

 

Estamos estudando medidas que passam tornar o Brasil atrativo para as companhias aéreas. Por exemplo, nós liberamos o capital estrangeiro nas companhias e nenhuma mostrou interesse em abrir no Brasil com 100% do seu capital, porque por causa do custo Brasil - 92% do custo de companhia aérea ocorre no Brasil

 

Como está o projeto de incentivar o turismo náutico no país?

 

Não adianta querer estimular se a gente não normatizar e preservar. Não adianta um projeto se a gente for agredir o meio ambiente. Nosso maior patrimônio. Temos hoje manual em finalização junto ao Ibama e ao ICBio, para criar o Parque Nacional de Recifes Artificiais, Já temos mais de 92 pontos no Brasil homologados pela Marinha, 1,200 estruturas que podem servir de recifes. Estão catalogadas, vai trazer um impacto positivo e turistas o ano inteiro. Mergulhador fica pelo menos dez dias no local. Estamos fazendo tudo dentro das normas ambientais.

 

A atitude do presidente Jair Bolsonaro de não tomar medidas de prevenção pessoal pode prejudicar a visão externa sobre os compromissos do país e o trade turístico de combater a Covid e garantir a segurança dos tuistas que queiram viajar ao país?

 

Acho que não, o presidente não errou, ele não erra nesse caso. Ele se resguarda, agora que está positivo está saindo de máscara. A pandemia vai pasar. Ele já mostrou várias vezes as oportunidades turísticas que o Brasil tem, e nunca o Brasil teve um presidente que fosse tão entusiasta do turismo e do agronegócio. Vamos ser protagonistas mundiais, Turismo tem uma participalção muito baixa no PIB brasileiro, de 8%, enquanrto em Portugal é 18%, Espanha, mais de 20%, a Grécia, 32%, algumas ilhas do Caribe chegam a ter 92% do PIB oriundo do turismo. Nordeste recebe menos turistas do que Cuba. 

 

 

O que pensa sobre os cassinos?

 

Sou a favor dos cassinos com resort integrado, o modelo de Singapura, Macau, Las Vegas. Em torno de 24% apenas da receita deles é oriunda do cassino, o restante é da área de eventos e shows, restaurantes, parque aquático. Debate está no Congresso, temos que respeitar a bancada evangélica, que precisa conhecer o projeto, para ser aprovado ou reprovado, Nesse modelo gera muto emprego. É uma oportunidade de investimento.

 

 

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