Recuperação judicial

Telefônica, Tim e Claro fazem oferta para adquirir negócio móvel da Oi

A operação inclui autorização de uso de radiofrequência, direito de uso de espaço em imóveis e torres, elementos de rede móvel de acesso ou de núcleo e sistemas/plataformas

Por Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de julho de 2020 | 17:47
 
 
 
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A Telefônica Brasil, a Tim e a Claro apresentaram uma oferta em conjunto para aquisição do negócio móvel do Grupo Oi, que está em recuperação judicial. O valor da oferta não foi informado, mas os ativos foram avaliados em cerca de R$ 15 bilhões. A operação inclui autorização de uso de radiofrequência, base de clientes do Serviço Móvel Pessoal, direito de uso de espaço em imóveis e torres, elementos de rede móvel de acesso ou de núcleo e sistemas/plataformas.

A oferta das três empresas juntas pode reduzir uma possível resistência do Conselho de Defesa Econômica (Cade), dado que os ativos da Oi seriam divididos entre as concorrentes, diminuindo o potencial de concentração do mercado. A Oi, porém, só poderá fechar negócio depois de levar o assunto para uma assembleia de credores, o que está previsto para este segundo semestre. Isso porque a venda da parte móvel altera os termos do plano de recuperação judicial, aprovado pelos credores no fim de 2018.

A operação dá andamento ao plano de transformação da empresa, que também anunciou ontem que recebeu proposta vinculante de R$ 1 bilhão da Highline do Brasil para compra de ativos que incluem atividades de sites de telecomunicação outdoor e indoor de transmissão de radiofrequência da companhia e suas subsidiárias (UPI Torres e Empresas Oi).

Quando Tim e Telefônica anunciaram interesse nos ativos móveis da tele em março, a previsão era de que a divisão entre as empresas não seria feita em fatias iguais. Previa-se que entre 60% e 70% dos ativos fossem para a Tim.

A divisão desigual era necessária para evitar que a Telefônica, líder de mercado, ficasse ainda mais distante das concorrentes e fosse impedida pelo Cade de efetivar a compra. Com a Claro na jogada, a previsão é de que essa questão esteja resolvida.

Fontes consultadas pelo Estadão/Broadcast recentemente disseram que as redes móveis da Oi são valiosas tanto pelo lado da infraestrutura - com antenas e faixas de frequência - quanto pelos clientes que agregariam ao seu comprador. A partir daí, seria possível reduzir custos com lojas, publicidade e estrutura de redes.

Investidores entendem que a operação representaria ganho de escala e corte de custos, engordando a margem de lucro e o poder de fogo para investimentos. Executivos das empresas também dizem que a consolidação das teles daria maior "racionalidade" às operações, o que pode ser traduzido como fim da guerra de preços para atrair clientes - o que Oi tem feito nos últimos trimestres

A Oi tem 42,1 milhões de clientes, o equivalente a 16,4% de participação no mercado de telefonia móvel no país. A liderança é da Vivo (marca da Telefônica Brasil), com 32,3%, seguida por Claro (24,7%) e Tim (24,0%), segundo ranking da consultoria Teleco com dados até julho.

A Oi prevê levantar ao menos R$ 22,8 bilhões com a vendas de ativos que consta no pedido de alteração do plano de recuperação judicial. A venda das redes móveis fará com que a companhia perca cerca de R$ 7 bilhões em sua receita líquida no ano que vem. Se desfazer dos ativos, no entanto, ajudará a reforçar o caixa da companhia e a empresa poderá concentrar seus investimentos na expansão da fibra ótica, apontada como o foco da sua estratégia daqui para frente.

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