A presença de moradores de rua no entorno da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, na praça da Liberdade, é motivo constante de reclamações dos frequentadores da região. O problema se agravou no último ano com o aumento no número de pessoas e por sua presença, agora, em tempo integral. Hoje, cerca de 20 sem-teto ocupam o local. Além da sujeira, quem por ali passa reclama que se sente intimidado de entrar na biblioteca por não conhecer quem está ali e pelo uso de drogas por eles.
O superintendente de bibliotecas públicas e suplemento literário de Minas Gerais, Lucas Guimaraens, afirma que há um temor de a ocupação afastar novos leitores. Ele afirma que existe um histórico de queixas dos frequentadores, que reclamam do medo de utilizar o espaço, mas não há registro de violência relacionada ao caso. “Uma parcela dos usuários fica temerosa de ser abordada, como já aconteceu com algumas pessoas, mas o nosso intuito, enquanto biblioteca, é criar uma harmonização social, e não uma higienização social, afinal, somos todos cidadãos”, pondera.
Romualdo Santos, 65, é vigia de carros na região há 29 anos. Ele aponta o excesso de lixo como uma das marcas da ocupação. “Os funcionários da biblioteca limpam o lugar todas as manhãs, mas à tarde volta a ficar sujo”. Quando a reportagem esteve no local, havia caixas de papelão, baldes e carrinhos de supermercado com roupas e cobertores. “Eles usam droga o tempo todo, mas, geralmente, não fazem mal a ninguém”, completa Santos.
Para o estudante Sávio Nunes, 19, os moradores de rua são motivo de receio e preocupação durante as visitas à biblioteca. “A situação é chata, fico um pouco desestimulado”, conta. Ele costuma ir ao local de 15 em 15 dias, para fazer empréstimos e devoluções de livros, e conta que, desde quando passou a frequentar a biblioteca, há dois anos, moradores de rua ocupam o entorno. O professor Valmon Novaes, 65, também é frequentador assíduo. Ele conta que já foi abordado várias vezes por moradores de rua, que o pediram dinheiro, mas nunca deixou de frequentar o local, apesar do desconforto da situação.
A dona de casa Viviane Portes Costa, 37, leva os filhos para a biblioteca sempre que pode. “Já vi moradores de rua brigando entre si, gritando, mas nunca nos incomodaram”, disse.
Discussão. Está prevista para este mês, ainda sem data marcada, uma reunião entre a Secretaria de Estado de Cultura e a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para debater o assunto.
Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria Municipal de Políticas Sociais informou que “tem conhecimento do problema e vai buscar uma solução”. Afirmou, ainda, que a medida mais viável seria a abordagem social aos moradores de rua e o encaminhamento a abrigos, o que já acontece por meio de ações rotineiras das secretarias regionais da cidade.