Rio de Janeiro. Com 16 salas no Rio, o grupo Estação, um dos principais exibidores de filmes de arte na cidade e organizador do Festival do Rio, corre o risco de fechar as portas. No início de abril, uma audiência no Tribunal de Justiça do Rio decide se o grupo tem condições de saldar dívidas que, atualmente, chegam a R$ 31 milhões. Se concluir que não há condições, a falência será decretada.
A página Apoio ao Grupo Estação, criada no Facebook em 17 de fevereiro, já tem mais de 8.000 membros. “Estamos recebendo centenas de propostas de financiamento coletivo e abaixo-assinados. Empresas e agências de publicidade estão interessadas em patrocinar. Contatos também estão sendo feitos com as esferas municipal, estadual e federal”, diz Marcelo França Mendes, um dos sócios do grupo.
A mobilização para salvar o Estação começou quando Mendes escreveu no Facebook sobre o risco de falência do grupo; depois, pediu sugestões para manter as salas. Num terceiro texto, convocou cinéfilos a narrar histórias pessoais ligadas aos cinemas e aos filmes exibidos. Circula também um pedido para que a prefeitura perdoe a dívida.
Na audiência marcada para 3 de abril, os cerca de cem credores, entre eles, bancos, empreiteira, parceiros do circuito exibidor, como o Grupo Severiano Ribeiro, dirão se aceitam o plano de pagamento proposto por Marcelo França Mendes e seus sócios. O empresário diz que o plano original dividia os credores em dois blocos. Para os bancos, foi proposto pagamento em 12 anos com juros de 6,9% ao ano; para os demais, a mesma correção com pagamento em oito anos. “Como perdemos cinemas e patrocínios, propusemos a unificação das classes para negociar um novo plano”.
Para que o Estação continue na ativa, é necessário o apoio de duas maiorias: 51% dos credores e representantes de 51% da dívida. “Temos conseguido o apoio de vários credores”, afirma Mendes. Caso a falência seja decretada, os ativos serão vendidos em leilão para pagar primeiro impostos e empregados e, depois, credores. Mas o patrimônio do Estação, diz Mendes, é sua imagem. “Não há patrimônio material. As salas são alugadas e, em caso de falência, os contratos serão cancelados. Restarão só projetores de 35 mm, cadeiras, móveis e computadores”, diz.
A falência levaria ao fechamento dos cinemas Estação Rio, Estação Botafogo, Estação Gávea, Estação Ipanema e Odeon Petrobras. A crise do Grupo Estação começou em 2007, com a desistência do poder público municipal em patrocinar o Festival do Rio, uma das principais fontes de sobrevivência do grupo.