No primeiro dia da competição oficial da 67ª edição do Festival de Cannes, anteontem, as casas de apostas já indicavam como vencedor o filme “Winter Sleep”, do turco Nouri Bilge Ceylan. O cineasta já levou o prêmio de melhor diretor em 2008, com “3 Macacos”, e o Grande Prêmio do Júri em 2011, com “Era uma Vez na Anatolia”. Protagonizada por um trio de atores sem projeção internacional – Haluk Bilginer, Demet Akbag e Melisa Sözen –, o longa narra a história de um humorista aposentado que cuida de um pequeno hotel e que sente a ausência de sua jovem esposa.
Em relação às apostas, na sequência do longa turco, também aparecem “Mr. Turner”, de Mike Leigh, “Still the Water”, dirigido por Naomi Kawase, e “Maps to the Stars”, de David Cronemberg. Mike Leigh, a propósito, abriu o segundo dia da competição com “Mr. Turner”, retrato sobre os últimos anos do pintor Joseph William Turner (1775-1851), um dos maiores artistas plásticos britânicos de todos os tempos. A primeira sessão do filme, ontem, porém, só recebeu aplausos moderados.
Outro destaque, o filme “Silvered Water”, um autorretrato descarnado da guerra civil na Síria, na qual mais de 140 mil pessoas morreram nos últimos três anos, impactou o público ontem. Realizado por Ossama Mohammed e Wiam Simav Bedirxan, o filme, que não está em competição, é um relato entre documentário e jornalismo que intercala vídeos anônimos gravados com celulares (tão ásperos no quesito técnico como assustadores no humano) com planos mais poéticos, tomados entre as ruínas de Homs e o exílio em Paris.