Música

As mil e uma facetas artísticas de Bruno Gouveia

O artista celebra ano no qual lançou sua autobiografia e, junto ao Biquini Cavadão, cumpriu extensa agenda de shows

Por Patrícia Cassese
Publicado em 23 de dezembro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Bruno Gouveia, 52, sintetiza o ano que já está nos seus estertores. Motivos profissionais não faltam para fazer uso do adjetivo. “Fizemos (referindo-se ao grupo no qual desde sempre se incumbe dos vocais, o Biquini Cavadão) 80 shows, levamos o ‘Ilustre Guerreiro’ (disco em homenagem a Herbert Vianna) para mais de 20 Estados. Participamos de grandes festivais, tocamos nos EUA e lançamos dois singles especiais de um projeto mais que especial com convidados de outros estilos”, comemora o mineiro (de Ituiutaba). 
 
“Matheus & Kauan e Péricles foram só o começo dessa aventura. E finalmente, lancei meu livro, ‘É Impossível Esquecer o que Vivi’ (Editora Chiado, 454 páginas). Foi um ano e tanto!”, reitera.
 
“Ilustre Guerreiro”, disco citado por Gouveia, foi produzido por Liminha e traz oito versões do Biquini para músicas compostas pelo vocalista dos Paralamas. O êxito da empreitada, aliás, rende dividendos que fazem parte dos projetos que adentram 2020. “De cara, lançaremos o registro ao vivo da turnê. ‘Ilustre Guerreiro ao Vivo’ sairá em março, com as músicas tocadas no show que gravamos no Teatro Bradesco, em São Paulo e mais cinco faixas de estúdio, todas de Herbert Vianna”, pontua Gouveia. Mas não só. O ano de 2020 também marca dos 35 anos do Biquini Cavadão. “E prometemos fazer bastante barulho com isso”, afiança ele.
 
Outro projeto citado pelo artista, “Vou Te Levar Comigo” convoca artistas de outros estilos musicais para dividir vocais com o Biquini. Depois de “Quanto Tempo Demora Um Mês”, com a participação da dupla Matheus & Kauan, os integrantes Bruno, Carlos Coelho, Miguel Flores da Cunha e Álvaro “Birita” cantam o próprio hit “Janaína” com o sambista Péricles. O resultado chegou às plataformas digitais em versão single e clipe – esse, com direção de Leo Liberti.
 
“Quando soubemos que Matheus e Kauan estavam na plateia de nosso show, em São Paulo, caiu uma ficha: a verdade é que não determinamos a quem nossa música atingirá. Neste caso, uma das maiores duplas sertanejas do momento. Foi pensando nessa amistosidade que criamos o protejo, que visa convidar artistas de outros estilos a cantar conosco. Eles foram os primeiros, em abril, cantando ‘Quanto Tempo Demora Um Mês’. Agora, em dezembro, lançamos ‘Janaína’ com o Péricles. É para ouvir sem preconceitos”, aconselha. Um ponto interessante é que a gravação traz, como música incidental, “Cotidiano”, de Chico Buarque. Bruno Gouveia diz considerar “Construção” um dos melhores discos que já ouviu. E entende que versos de Buarque se conectam a “Janaina”, “que acorda todo dia às 4h30 e, aqui, tira o marido da cama às seis, para ele trabalhar”, situa. Vale lembrar, ainda, que Marcos Suzano se incumbiu na percussão nessa nova versão do hit.

Já o livro veio de uma inquietação do cantor e compositor. “Sou um ávido leitor de biografias e achava que o Biquini Cavadão precisava de uma. Inicialmente, era para que algum jornalista escrevesse o texto, mas me empolguei e, quando dei por mim, já tinha escrito mais de 200 páginas. Foi um presente que me dei ao completar 50 anos, em 2016, e que finalmente foi lançado”.

Bruno Gouveia conta que comecei a escrever o livro em 2014, “Finalizei no começo de 2018. Até o lançamento, conversei com editoras e planejamos juntos cada detalhe”, relembra. Embora o grupo, claro, ocupe uma papel central no repasse memorialístico, o livro abarca passagens da vida pessoal do artista, incluindo momentos particularmente dramáticos, como a perda do então único filho. “Busquei escrever com a convicção de que estaria ajudando as pessoas que por ventura tivessem passado o mesmo que eu. Nessas horas, somos todos iguais. Busquei fazer um levantamento emocional, não me atendo a detalhes. Um quebra-cabeça com metade das peças”, pormenoriza ele, hoje pai de Letícia, nascida em 2014, e fruto do seu casamento com Izabela Brant.
 
Gabriel, o primogênito, faleceu 2011, em um acidente que ocupou manchetes dos jornais de todo o país. O helicóptero em que o garoto estava com a mãe, Fernanda Kfuri, caiu nas proximidades de Porto Seguro (BA). No acidente, além dos dois, outras cinco pessoas morreram. Os capítulos “Gabriel”, “Saudade é o Museu do Amor” e “Recomeçar” tratam do tema com a sensibilidade esperada e incluem o poema (“A Partida”) que Bruno dedica ao filho. 
 
No livro, ao tratar de música, Bruno conta também como travou contato com o som do Skank. De pronto, ele inseriu uma citação da versão “O Homem Que Sabia Demais” em “Vento Ventania”. “Fazia questão de avisar que estávamos tocando um som de uma banda de Minas que daria muito o que falar. Não estava errado”, escreveu.
 
Em tempo: Bruno também assina a produção do projeto “A Vida dos Santos”, que, em outubro, ganhou três novos volumes, no qual a vida de São Longuinho, Santa Luzia e Santa Clara, entre outros, são contadas. “São textos de Edward Guimarães, Tania Jordão e Paulo Sergio Soares, todos teólogos da PUC Minas, com a voz cativante de Francisco Cuoco, e músicas, algumas das quais foram compostas pela vinda do papa Francisco em 2013. O resultado está nas plataforma digitais e é um convite à reflexão, feito para desacelerar, nos tumultuados dias em que vivemos”.

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