Música autoral

Com críticas ao patriarcado, Mariana Cavanellas lança clipe de ‘Lá Fora’; veja

Faixa está presente no EP 'Noite', que a cantora e compositora mineira colocou nas plataformas digitais no início de dezembro

Por Bruno Mateus
Publicado em 25 de dezembro de 2020 | 17:10
 
 
 
normal

“Lá fora a rua tá cheia/ De vazios que os olhos naturalizaram/ Quem vai dizer o que é normal?/ Tudo tá tão superficial no mundo”, canta Mariana Cavanellas no início da autoral “Lá Fora”, tema lançado no início de dezembro e que, nesta sexta-feira (25), ganha um videoclipe dirigido pela cantora e compositora em parceria com Rodrigo Noronha, e participação de Cavanellas, Rodrigo Morais e Olívia Assad. 

“O clipe é uma crítica ao patriarcado, conta a história de uma mulher casada com um cara rico, que tem poder, mas ela é sozinha, não consegue ter a atenção dele. Ele está sempre no celular, agride ela num jantar e não deixa ela falar”, comenta a cantora e compositora, ex-integrante dos grupos mineiros Rosa Neon e Lamparina e a Primavera. A escolha de “Lá Fora” para o registro audiovisual foi natural: “Ela é muito clara, resume basicamente no disco e na composição o que eu queria dizer nas músicas”.

“Lá Fora” é uma das seis músicas do EP “Noite”, lançado em 3 de dezembro. No dia seguinte, foi a vez de “Dia” chegar às plataformas digitais. Ao todo, as 11 canções formam o projeto “Tudo Vibra”, gravado em um sítio de Igarapé, na região metropolitana de Belo Horizonte, durante uma intensa semana de agosto. Mariana foi acompanhada por Nara Torres (percussão), André Mimiza (violão) e Rafael Fantini (samples e programações), que também assinou a produção do projeto.

Além da pandemia, a maternidade também deixou suas marcas nas letras dos EPs, cujos traços também têm fortes doses de feminismo e de inspiração nos textos do escritor e líder indígena Ailton Krenak. “Parece que recebi um chamado de consciência. Tinha muito para pôr pra fora dar vazão do que é meu e queria muito compartilhar com quem quisesse receber essa partilha, que é um momento introspectivo, de me conectar com valores que não me conectaria se não fossem todas as influências desse ano”, destaca a compositora.

Os trabalhos têm pouco ou nada a ver com o que Mariana Cavanellas realizou com o Rosa Neon e o Lamparina e A Primavera, bandas das quais ela fez parte. Agora, ela afirma ter se colocado mais reflexiva, respeitando as próprias sensações e colocando para fora seus questionamentos sobre questões muito particulares, como a maternidade e a direção da carreira, mas também assuntos que envolvem a sociedade, entre eles o patriarcado e o feminismo. Autoconhecimento e autocura são palavras que ela usa quando fala sobre os EPs.

 

A decisão de lançar as músicas em dois EPs foi deliberada. A compositora diz que queria convidar as pessoas a perceberem o que tinha a ver com a noite e com o dia, períodos tão distintos e, no entanto, complementares.

Em 2021, Mariana Cavanalles dará continuidade ao processo de gravação de seu primeiro disco solo, ainda sem previsão de lançamento. Outro desejo, claro, é o retorno aos palcos. Não ter contato com o público em 2020 foi um grande baque para a cantautora: “Tomara que a gente volta a fazer show. É nosso nutriente, nossa fonte de partilha é o encontro”.

 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!