Quatro adiamentos depois, finalmente o concurso que reúne a nata da botecagem nacional tem data para ser realizado: a 21ª edição do Comida di Buteco será realizada de 30 de julho a 29 de agosto. Como a pandemia ainda não deu trégua, a solução encontrada pelos organizadores foi apostar em um modelo híbrido, com petiscos que possam viajar bem no delivery e com a recepção nos bares, seguindo as regras de distanciamento e protocolos de segurança contra o coronavírus.
De acordo com a diretora de operações e uma das fundadoras do Comida di Buteco, Maria Eulália Araújo, além de um afago nos frequentadores dos bares, o retorno do concurso também tem como objetivo reerguer os donos dos estabelecimentos, que foram duramente atingidos na pandemia. Estima-se que até 30% dos bares que já participaram de outras edições tenham fechado suas portas em definitivo em todo o Brasil. “Não podemos nos esquecer que é importante voltar com o concurso, mas com as adaptações. A pandemia ainda não acabou, e há pessoas que ainda não estão confortáveis em ir a um boteco”, contou.
Para quem for pedir via delivery, pode ter acesso ao petisco do bar participante para provar, mas a votação continua sendo para quem for presencialmente ao estabelecimento. “O Comida di Buteco não elege o melhor prato, e sim o melhor boteco. Os critérios de avaliação continuam os mesmos, como a temperatura da cerveja, atendimento, higiene do bar e o petisco, este responsável por 70% do voto”, explica Eulália. “Mas não queremos promover a ida ao boteco. Nesse momento, tudo é preciso ser feito de forma consciente, segura e cooperativa”, frisa.
Em BH, o delivery vai funcionar também pelo aplicativo 99food, além da possibilidade de pedir diretamente em cada boteco participante. Para quem for comer no local, o concurso oferece pelo site oficial a possibilidade do agendamento de mesas e a digitalização dos cardápios – para que os clientes possam planejar com segurança sua ida ao boteco. Desta maneira, aquele horário a mesa reservada estará disponível de acordo com os critérios estabelecidos nas reservas.
A diretora ainda menciona sobre a importância de selecionar estabelecimentos em que o dono está ativamente à frente do bar – são justamente esses pequenos negócios que mais foram pressionados na pandemia, como o Tanganica Art Bar, responsável pelo prêmio da última edição com o prato Vegano di Buteco. Angelo Rafael Telles, dono do estabelecimento que fica no bairro Coração Eucarístico, explica que durante a pandemia precisou investir no delivery e enfrentou outras dificuldades. “Vendi muitas coisas para manter o bar e o aluguel, lutando para ficar de pé. Algumas mesas eu também vendi e fiquei com o mobiliário básico para receber as pessoas durante esse período, com distanciamento social e menor capacidade de acolher as pessoas”, contou ele que prepara, para essa edição do concurso o prato Vegano di Buteco 2 – O Retorno, feito com bolinho de inhame com alho-poró, acompanhado de linguiça de cenoura, shimeji e molho especial. “Mais uma vez eu vou fazer um petisco de boteco vegano e autêntico. Se as pessoas gostarem do prato, está ótimo. Se vier outro título, melhor ainda”, disse o campeão do concurso em 2019.
Trégua
Apesar de 2020 não ter sido marcado pelo Comida di Buteco, Maria Eulália conta sobre o tempo ausente, foi necessário para replanejar o concurso, fechar parcerias e licenciar a marca do Comida bi Buteco em iniciativas como linha de camisetas com a marca Chico Rei, kit de festas e vídeos de receitas do Comida di Buteco comercializados pela plataforma Sympla.
Nesse tempo, foi criado também o movimento batizado de Salve os Butecos, para gerar fluxo de caixa para os bares, de forma que eles possam se reerguer, convidando pessoas, clientes e iniciativas a fazer doações que serão divididas entre os butecos participantes do concurso em todo o Brasil. A meta, de acordo com Maria Eulália, é arrecadar R$ 3 milhões entre julho e agosto. O acompanhamento das doações será por meio do “butecômetro” no site oficial do concurso.
“A vida de vários bares depende do Comida di Buteco. Essa ação vai ajudar muita gente a sair da falência e das famílias que dependem desses bares. Estamos motivados e aumentamos o espaço do bar para manter as mesas distanciadas e receber mais pessoas”, disse Guilherme Bestvina, do Planeta Lúpulo, que fica na Pampulha, e é estreante no concurso. Ele conta que o prato, inscrito na edição de 2019 sob o tema “raízes”, precisou ser adaptado para poder viajar também via delivery – trata-se do raiz de lúpulo que é feito com mil folhas de mandioca com lombo suíno defumado e geleia de beterraba.
Fique atento
A lista completa dos participantes da capital mineira, bem como as ferramentas para reserva com antecedência nos bares e o serviço de delivery, vai estar no ar a partir do dia 23 no www.comidadibuteco.com.br.