Stanley Albano, jovem artista e chef mineiro, estreia nesta quinta-feira (1º/7) o seu segundo curta-metragem batizado de “Angu Recheado de Senzala”. O filme faz uma releitura da história do pastel de angu, patrimônio da cultura mineira e segue o artista através da história da comida mineira que tem na sua origem o período da escravização dos negros no Brasil. O curta traz a narrativa de um povo que permanece sem registro, sem livro de receita, biografia ou álbum de fotografias.
A transmissão acontece nesta quinta-feira (1º), às 20h, pelo YouTube do canal MandakNegra.
O jovem negro LGBTQIA+ Stanley Albano nasceu em João Monlevade e mora em Belo Horizonte desde 2014. A ideia de pesquisar a história do pastel de angu surgiu quando Stanley recebeu uma demanda para vender pastéis de angu em uma feira de artes. Ali descobriu que o pastel de angu surgiu no final do século XIX nas fazendas, onde negros escravizados escondiam os restos de carne dos senhores em bolinhos de fubá, para consumi-los posteriormente nas senzalas, com seus iguais, já que era proibido aos escravos consumir estes alimentos.
Veja o trailer:
O famoso pastel saiu das senzalas e ocupou a mesa de restaurantes, bares, mansões, casebres e barracões pelo mundo. Por ser uma produção gastronômica deliciosa e de baixo custo, ainda é consumido por grande parte da população, seja ela descendente de negros ou brancos. Ao contar um pouco dessa história, Stanley nos mostra a forma como a cultura negra é absorvida pela sociedade. Até hoje é possível perceber hábitos silenciosos em nosso cotidiano que expõem o racismo estrutural e a forma como a população branca usufrui de costumes negros sem compreender seus significados e história de resistência. Contar essa história é reconhecer a criatividade, a resistência e a luta do povo preto em nosso país.
O curta realizado com recursos da Lei Aldir Blanc, via edital da Secretaria Estadual de Cultura, na modalidade “Seleção de Propostas de Cidadania Audiovisual”.