A fagulha do ativismo ambiental se acendeu para Fe Cortez quando ela terminou de assistir a “Trashed”, documentário de Candida Brady no qual Jeremy Irons percorre vários lugares do mundo mostrando o impacto no planeta do lixo produzido pelo homem. "Isso foi em outubro de 2012 e, desde então, eu comecei a estudar bastante sobre sustentabilidade e a agenda ambiental", relembra a comunicadora, que, em janeiro de 2015, lançou o projeto "Menos 1 Lixo". "É uma plataforma de educação ambiental que tem como objetivo levar informações do que está acontecendo na agenda ambiental, de maneira bem acessível, e também o intuito de conscientizar as pessoas de que pequenos gestos fazem diferença, mudam consciências e transformam o entorno. O projeto tem como símbolo o copinho retrátil, que anda com as pessoas o tempo inteiro e em qualquer lugar, para mostrar que nós temos escolhas", diz ela que, este ano arrebatou, pela terceira vez, o prêmio Influenciadores Digitais, na categoria Meio Ambiente e Sustentabilidade, tanto pelo voto popular quanto pelo voto técnico. "Hoje somos quase 700 mil pessoas engajadas nas redes sociais, e agora estamos fazendo projetos de consultorias para empresas. E ainda temos um canal no YouTube que já produziu séries, sempre com essa temática de como as nossas atitudes podem repercutir de forma mais positiva na agenda ambiental, como o desafio do armário cápsula e mares limpos".
Mas a novidade do momento é o lançamento, nesta quinta-feira, do livro “Homo Integralis: uma nova história possível para a humanidade” (LeYa Brasil). O título da obra, conta ela, veio a partir de uma reflexão sobre o que o Homo Sapiens se transformou. "Eu brinco que o livro é uma resposta ao 'sapiens' do Yuval Noah Harari (professor israelense de História e autor do best-seller 'Sapiens: Uma breve história da humanidade'), de como a gente pode construir o futuro daqui pra frente".
Para construir essa resposta, ela cunhou dois termos que estão no livro. O primeiro é o Homo Consumptor. "Que é como se estivéssemos nos transformado de Sapiens apenas em consumidores, já que parece que nosso principal objetivo de vida atual é viver para consumir, o que é uma causa e consequência deste modelo degenerativo dos sistemas, das pessoas e das relações. E o meu norte foi: se somos Consumptor hoje, qual é o nosso potencial e o que precisamos ser para nos regenerarmos? Então, realizei toda uma busca, pesquisa e reflexão sobre o quanto a gente está desconectado da nossa própria natureza".
Já o Homo Integralis é aquele ser humano que se reconecta à sua verdadeira natureza interna, "relembrando que somos natureza, fazemos parte da teia da vida - e que esta teia não está aí para nos servir". "É nos recolocarmos entendendo que estamos aqui para servir colaborativamente à evolução da vida, e não para sermos servidos de forma destrutiva, causando a destruição de outros seres para que isto aconteça. E aí eu fui unindo histórias inspiradoras de pessoas que já estão vivendo de forma mais integral e integrada à natureza, para que o público leitor tivesse referências na prática de que isto é possível. Eu entro no campo teórico, nas reflexões, mas também vou no campo prático".
Esse somatório de exemplos acena para que sim, há motivos para ainda manter acesa a chama da esperança. "Eu diria às pessoas que a gente ainda tem uma agenda de 10 anos e que o futuro ainda não está determinado. Se mudarmos hoje a maneira como vivemos, como a sociedade se organiza, podemos ter um futuro muito pleno. Mas, friso, se começarmos a trabalhar a regeneração hoje, evitando um futuro destrutivo".
Aos pessimistas, um recado: "O que eu tenho a dizer a estas pessoas é que esta energia de estagnação e desesperança não melhora e nem acrescenta em nada. A catástrofe ambiental já é um prognóstico se não mudamos o modo como vivemos, nos comportamos e fazermos tudo que fazemos enquanto sociedade. Ainda temos dez anos, então o livro é um convite para que a gente se engaje nessa mudança, porque ela só vai acontecer através de nós - a partir do coletivo, dos cidadãos, de pessoas engajadas e empoderadas que vão fazer esta transformação. Começando pelo que podemos transformar hoje e elevando isso a um nível maior, maior e maior. Eu diria que ainda há tempo, sim, e ainda há esperança", conclui.