O filme “Sonhos no Chão, Sementes da Educação”, do diretor belo-horizontino Lucas Bois ganhou o prêmio de Júri Técnico do CineBaru - Mostra Sagarana de Cinema, que encerrou a programação de sua quinta edição no domingo (2). Pela primeira vez, o evento premiou duas produções nessa categoria: o outro vencedor foi “Reduto”, do diretor baiano Michel Santos. Outro diretor mineiro teve seu filme premiado: Rodrigo Meireles, com o curta “Trindade”, ganhou o Prêmio Aquisição SescTV, fruto de uma parceria que a mostra mantém com o SescTV há quatro anos. A obra será licenciada para o canal SescTV, o canal cultural do Sesc, por um período de 24 meses e com o valor de R$ 4 mil reais ao realizador.
“Sonhos no Chão, Sementes da Educação” conta a história da reintegração de posse ocorrida no acampamento quilombo Campo Grande, em Campo do Meio (MG), em agosto de 2020. Quatorze famílias foram despejadas e a Escola Popular Eduardo Galeano foi destruída. O curta-metragem documentário traz depoimentos sobre os sonhos e as lutas travadas pelos moradores, educandos e representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na criação da escola e na sustentação de uma educação popular.
“Nem sei o que dizer, estou muito feliz. Eu vi de perto a importância da escola na vida de tanta gente e no MST e o filme busca mostrar isso, que a derrubada de uma escola em plena pandemia é um absurdo ao quadrado”, disse Lucas Bois durante a premiação.
Já “Reduto” traz o olhar de Michel Santos sobre duas cidades que fazem parte da sua história: Cachoeira, no Recôncavo Baiano, símbolo de resistência e luta pela abolição da escravatura, e Luís Eduardo Magalhães, no extremo Oeste do estado, capital nacional do agronegócio. O contraponto entre esses dois locais é também o contraponto das narrativas criadas sobre eles. O CineBaru também distribuiu menções honrosas para os filmes “Ângela”, da diretora Marília Nogueira (BA), e “Meia Lata D’água Ou Lagarto Camuflado”, do diretor Plínio Gomes (BA).
A mostra tem o objetivo de fomentar e estimular a produção e a pesquisa cinematográfica na região baiangoneira (Bahia, Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal), bem como celebrar a memória, a diversidade, as tradições e as lutas dos povos do sertão-cerrado.
Em 2021, o CineBaru - Mostra Sagarana de Cinema, que teve a quinta edição viabilizada com recursos da Lei Aldir Blanc, exibiu 36 curtas-metragens, sendo 27 filmes para a Mostra Competitiva Regional e outros nove para a Mostra Sertãozin (infantojuvenil). A curadoria e o júri, ambos compostos por integrantes da equipe e convidadas externas, teve um olhar especial para filmes dirigidos e/ou protagonizados por mulheres, negras, negros, indígenas e LGBTQIA+.
Financiamento
Para custear a produção do CineBaru e fortalecer as ações em prol da democratização do cinema no território baiangoneiro, a mostra segue com a campanha de financiamento coletivo (acesse aqui).