Artes Cênicas

Grupo Eranos une o lúdico e o tecnológico em espetáculos para crianças

Coletivo catarinense inicia temporada em BH neste sábado, no CCBB; programação gratuita tem diversas sessões até dia 27 de janeiro

Por Bruno Mateus
Publicado em 03 de janeiro de 2020 | 03:13
 
 
 
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Em meio às falhas na ligação após a van passar por Pouso Alegre, no Sul de Minas, durante a viagem rumo a Belo Horizonte, o ator Leandro Maman relembra o ano de 2006, quando participou de uma experiência na Inglaterra com artistas brasileiros e do Reino Unido chamada “Hotel Medea”. Naquela oportunidade, ele percebeu que poderia conciliar seu trabalho no campo do design com o teatro.

“Vi que as coisas poderiam se complementar”, conta. Em 2012, com pesquisas sobre as artes cênicas para o universo da primeira infância, o coletivo catarinense Eranos Círculo de Arte, fundado três anos antes por Maman, encontrou seu eixo definitivo: propor a união entre tecnologia, atividades lúdicas e sensoriais, e pensar a criança como pessoa múltipla, dinâmica e particular.

Em várias apresentações durante o mês de janeiro no projeto Cena Criança, do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o público de Belo Horizonte poderá entrar nesse mundo intimista em dois espetáculos inéditos na cidade – “O Barquinho Amarelo”, inspirado na obra homônima da mineira Iêda Dias da Silva, e “Pô! Ema” –, além de “#Mergulho”, que já passou pelo CCBB, em julho passado.

O trabalho proposto pelo Eranos – que tem a criança como espectadora ativa, que responde, brinca, interage e muda o rumo dos espetáculos – surge de uma investigação em que a condição dos pequenos de 1 a 6 anos é estudada também do ponto de vista da psicologia, área de formação da atriz Sandra Coelho, integrante do coletivo. Inclusive, a duração dos espetáculos, que têm, em média, 35 minutos, não é uma escolha aleatória, como Sandra explica: “Nós nos baseamos em estudos sobre a capacidade de atenção e interesse na primeira infância”, garante.

Sobre a utilização de recursos multimídia – projeções, sons, imagens fantásticas – nas experiências, como Sandra gosta de classificar as apresentações do coletivo, ela é enfática: “É impossível negar a tecnologia nos dias de hoje. A criança quer interagir com esse mundo que ela está conhecendo agora”.

A artista ressalta, também, que a utilização de recursos digitais não exclui o contato com brincadeiras mais primárias, como bolhas de sabão e cavalos de papel. “Sempre unimos as coisas, não é tecnologia crua e fria, humanizamos essa relação”, completa.

Foco

Entender a criança como protagonista e um ser ávido por informação e conhecimento, ainda que em um mundo muito específico e tão distinto da realidade dos adultos, por isso bonito e especial, é um dos nortes do coletivo. “É também uma questão política de inserção da criança nos espaços culturais. Temos filhos, eu e Sandra, e percebemos que em muitos lugares a criança não é bem-vinda. E temos de parar com aquela coisa de ‘o que querem ser quando crescer’. Elas já são”, finaliza Leandro Maman.

Programe-se

A partir desta sábado (4), o coletivo Eranos Círculo de Arte inicia temporada no Centro Cultural Banco do Brasil (praça da Liberdade, 450, Funcionários) com os espetáculos “O Barquinho Amarelo” (dias 4, 5, 11, 12, 20 e 22 a 27 de janeiro, sempre às 15h), “Pô! Ema” (de 4 a 6, 8 a 13, 15 a 20 e 22 a 24 de janeiro, sempre às 17h) e “#Mergulho” (dias 6, 8 a 10, 13, 15 a 19, às 15h, e 25 a 27 de janeiro, às 17h). Ingressos a R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada) na bilheteria do CCBB ou no site.

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