Literatura infantil

Jornalista Cláudia Rezende lança livro 'Poli Escolhe' em BH

Na obra, escritora trata das escolhas que fazemos na infância tendo como base a paixão pelo futebol

Por Patrícia Cassese
Publicado em 24 de maio de 2019 | 19:53
 
 
 
normal

É fato que a gravidez costuma ser um período marcado por questionamentos das mais diferentes ordens. Mas, ao passar por ela, de uma certeza a jornalista Claudia Rezende nunca abriu mão: a de que jamais iria desrespeitar as escolhas da filha no que tange aos mais diversificados aspectos - do furar ou não a orelha à orientação sexual, passando pela religião. E foi justamente a aversão a uma educação impositiva que a inspirou a construir a narrativa que marca sua estreia no mercado editorial: "Poli Escolhe" (Páginas Editora) será lançado neste sábado (25), das 10h às 13h,  no Museu das Minas e do Metal da Gerdau, na praça da Liberdade. O evento é gratuito.

No caso, o recorte escolhido para propor uma reflexão sobre as interferências que os pais fazem nas escolhas dos filhos foi por meio dos esportes - especificamente,  o futebol. Assim, a partir de um encontro num parquinho, a dúvida se instala atrás da orelha da protagonista, a Poli do título. E o enredo se desenvolve com a garota chegando muitas vezes a colocar os adultos contra a parede. "Veja, eu amo futebol, amo esportes, sempre acompanhei. Mas essa coisa extracampo, de as torcidas se verem como inimigas, me incomoda muito. Vejo como algo muito grave e que deveria ser mudado, começando a partir da infância das crianças - e urgentemente", enfatiza a autora.

Para Cláudia, o futebol, assim como qualquer outra modalidade esportiva, é uma oportunidade de as pessoas se unirem, e não de se agredirem e se afastarem. "Por que pessoas da mesma família, mas que torcem para times distintos, não podem estar juntas e em harmonia durante uma disputa? A pergunta parece boba, mas basta lembrar que tem irmão que evita o outro após uma partida na qual o time de um perdeu para o do outro", lembra. 

Uma curiosidade é que, para ilustrar as aventuras de Poli, Cláudia convidou o marido, Douglas Cardoso. "O Douglas era um criador de personagens na infância, passava horas e horas desenhando, chegou a criar um jogo de tabuleiro. Tem habilidade para isso, apesar de não trabalhar nessa área (é formado em Matemática e trabalha com TI)", conta. 

Em consonância com as palavras, os traços também tentam sublinhar a importância de os país incentivarem o desenvolvimento do pensamento autônomo em seus filhos. "E isso inclui o poder aprender a escolher sem ser induzida. A criança deve receber orientações, mas  deve ser vista como um indivíduo diferente, não como uma continuação ou uma cópia dos pais", analisa a jornalista. Ao mesmo tempo, a obra pontua a necessidade do diálogo. "A Poli está sempre procurando conversar para entender. Isso é algo que deveria ser o básico".

A paixão também entra em campo na narrativa. "O que é esse sentimento? Como surge? Como a gente deve lidar com ele?". Por último, mas não menos importante, Cláudia Rezende também enxerga, em "Poli  Escolhe", uma ênfase na necessidade de se ter uma pausa no tempo. "A importância do ficar consigo mesmo. Tem uma hora em que a Poli faz isso e vai observando, pensando, meditando, investigando... Na minha infância, fiz isso muito. Mas será que hoje, com tantos estímulos, as crianças fazem? Será que  têm esse tempo delas com elas, de elas fazerem as próprias descobertas, de aguçarem a curiosidade de outras formas, de formas mais simples?", pondera. 

Ao mesmo tempo, Cláudia ressalta: "Vejo essas mensagens - e ainda outras que enxergo no livro -, mas de jeito nenhum quero impor um caminho ou dizer que essas visões são as certas e que devem ser seguidas. Vejo o livro e as mensagens que estão nele como mais uma ferramenta de propor a reflexão, de ver que a vida é muito rica de possibilidades, a gente não precisa se fechar em uma, ainda mais tão cedo", conclui.

Em tempo: no evento de lançamento,  haverá contação de histórias, com  Vanessa Corrêa, e sorteios de outros livros infantis a cada meia hora. Além disso, o livro virá com dois brindes: um marcador e uma cartela de adesivos "Poli Escolhe". Cumpre frisar que,  após o lançamento, o museu acolhe outra programação destinada a crianças, o projeto “Uma Tarde no Museu”.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!