A imortalidade é tema presente na obra de Jorge Luis Borges. A busca não é fácil, o autoconhecimento traz consequências difíceis de serem digeridas. No conto “O Imortal”, o autor argentino narra a jornada de um guerreiro à procura de uma cidade habitada por imortais. O texto encantou a atriz Gisele Fróes, que buscou uma forma de contá-lo, em um palco, e envolvendo a plateia tanto a ponto de fazê-la imaginar o cenário a partir das palavras de Borges. O resultado pode ser visto no CCBB, desta quarta (26) ao dia 8 de julho.
“Fiquei fascinada com o conto e fico comovida sempre que o leio, porque acho muito lindo. Então, quis contar essa história”, fala Gisele que fica só no palco que tem pouquíssimos elementos cenográficos: apenas caixas e livros. “É um cenário ao seu modo rico, pois ele se adapta a qualquer teatro e é muito inspirador.”
Apesar disso, não há elementos que possam ser manipulados por Gisele. “O diretor Adriano (Guimarães, do Coletivo Irmãos Guimarães) e eu não achamos que tinha de ter nenhum apoio cenográfico”, diz Gisele. No palco, ela conta apenas com uma cadeira. “Agora vou ter também uma muleta!”, brinca a atriz, que ficou em repouso durante 7 semanas, por causa de uma queda em casa, ao trocar uma lâmpada. “Temos de dar conta de narrar a história e propor ao público que use a imaginação povoando essas palavras. Contamos com a capacidade de abstração poética de quem assiste e o desafio é esse.”
Em uma hora de espetáculo, ela tenta criar uma cumplicidade com a plateia. “Neste monólogo, o que me interessa é ter a companhia da plateia, afinal, o teatro é arte coletiva. Então, faço o monólogo para a plateia, mas também com a plateia”, defende. “Quando a gente conta uma história para uma criança, a reação é tão fascinante. Quis resgatar isso, pois Borges descreve um cenário tão diferente do nosso ambiente que, cada um, com seu repertório, imagina algo distinto”, explica a atriz. Para ela, Borges consegue levar o leitor por meio de suas palavras a uma infinitude de lugares e isso é muito interessante de trabalhar no palco. “É muito fértil o que ele escreve”, conclui.
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