Filme

Diversão para toda a família

Diretor inglês Joe Cornish diz que ‘O Menino que Queria Ser Rei’ pode ser visto como resistência ao Brexit

Por Bruno Molinero
Publicado em 01 de fevereiro de 2019 | 03:00
 
 
 
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São Paulo. Uma criança tem acesso a um lugar mágico, onde conhece seres fantásticos e precisa enfrentar vilões sobrenaturais. Alternativa A: “Ponte para Terabítia”? B: “As Crônicas de Nárnia”? C: “Caverna do Dragão”? D: “O Mágico de Oz”? Ou E: Todas as anteriores, mais outras incontáveis produções para crianças e o novo filme “O Menino que Queria Ser Rei”, que chega agora aos cinemas?

Mesmo com uma sensação inevitável de déjà-vu, o novo longa britânico traz alguns frescores que podem entreter pais e filhos no cinema ou numa sessão pipoca em casa num domingo à tarde.

A história acompanha o garoto Alex, que, fugindo de valentões do colégio para não tomar uma surra, encontra uma espada presa numa pedra. E é isso mesmo o que você imaginou: o rapaz tira a arma dali, descobre-se sucessor do Rei Arthur e precisa juntar uma meninada para salvar o Reino Unido da maligna Morgana.

Ao contrário de muitas histórias com lugares mágicos, porém, Alex não vai a uma lendária Camelot. É durante o pôr do sol da Londres atual que a bruxa vilã tira as manguinhas de fora e manda seus capangas atacarem o dono da espada Excalibur, criando uma espécie de realidade paralela no mundo de hoje.

Para encararem a briga com alguma decência, Alex e seus amigos contam com a ajuda do mago Merlin – o ponto alto do filme. O personagem é interpretado em duas fases e por dois atores (e, às vezes, também por uma coruja).

Na maior parte do tempo, é um adolescente com ar de loucura e deslocamento social, em boa interpretação do jovem Angus Imrie, que flana pelo longa com camiseta do Led Zeppelin, galochas de chuva e meia colorida.

Já a versão mais velha é levada a cabo por Patrick Stewart, o professor Xavier de “X-Men”, que cria um Merlin com um quê de Dr. Brown, o cientista em “De Volta para o Futuro”.

Em entrevista, Stewart diz que o filme pode ser visto como resistência ao Brexit. Mas o tom patriótico da produção pode gerar justamente a leitura oposta.

A todo momento reforça-se que o garoto precisa salvar o Reino Unido, que vive uma crise metaforizada visualmente logo no início por uma cena com moradores de rua. Uma nação é feita de líderes, é dito.

Parece um prato cheio para aquele gostinho protecionista, anti-imigração e antieuropeu que impulsionou a saída do país do bloco – afinal, só um verdadeiro inglês, puro e sucessor do Rei Arthur, pode defender e expurgar a nação.

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