Pepeu Gomes

'Eterno Retorno' explora novos territórios musicais

Guitarrista lança 44º disco de sua carreira, que traz parcerias com Nando Reis e Arnaldo Antunes

Por Thiago Prata
Publicado em 06 de novembro de 2018 | 04:00
 
 
 
normal

Em 1993, uma parceria de Pepeu Gomes com o poeta e compositor Tavinho Paes resultou em uma febre nacional. Faixa pertencente ao disco que trazia apenas o nome do guitarrista baiano, “Sexy Yemanjá” tornou-se abertura da novela “Mulheres de Areia”, da Rede Globo, e se transformou em um dos maiores sucessos do artista.

Após aquele boom, porém, instaurou-se um período de duas décadas e meia até que o integrante do Novos Baianos voltasse a investir num álbum solo com músicas inéditas e de sua autoria, intitulado “Eterno Retorno”, recém-lançado e recheado de parcerias – incluindo alianças com Nando Reis, Zélia Duncan e Arnaldo Antunes, entre outros.

“Depois do 43º álbum de carreira (“Alto da Silveira”, disco solo de 2014), senti a necessidade de fazer uma reciclagem e uma autocrítica do meu trabalho. Acho que a coisa mais difícil para um artista é se renovar com o passar do tempo. Entendi que consegui essa façanha neste novo álbum”, diz Pepeu.

Produzido por Cyro Telles, Filipe Pascual e Kevin White e com direção artística do próprio guitarrista, “Eterno Retorno”, lançado de forma independente e presente nas plataformas digitais, faz jus ao ecletismo que acompanha o músico ao longo de seus mais de 50 anos de carreira. Porém, o próprio Pepeu se surpreende com o produto final contido no disco, repleto de elementos oriundos do eletrônico, do trap e do indie, mantendo intacta a característica marca do som de sua guitarra.

“O álbum foi enriquecido com tons de sons eletrônicos, e isso foi uma grande novidade no meu trabalho, pois procurava uma nova identidade para meu som. Acho que o objetivo foi alcançado”, diz ele, após um processo rápido de criação e gravação do material apresentado nas 11 faixas da obra, sendo dez novas e uma regravação, de “99 Vezes”, composta com o letrista Luiz Galvão para o álbum “Farol da Barra” (1978), do grupo Novos Baianos.

“Todo o processo durou cerca de um ano. Foi feita uma seleção de trechos de, aproximadamente, 400 musicas, que depois caiu para cem. Depois, viraram 20 músicas. E conseguimos escolher 11 para este trabalho. O título do disco veio da música ‘Sexo Frágil’, que é uma nova parceria com o Arnaldo Antunes, com quem eu já havia feito outras canções”, comenta Pepeu, referindo-se à faixa que abre o novo álbum.

Companheiros

Além de contar com colaboradores antigos, como Arnaldo (“Sexo Frágil” e “Tempestades”, esta também ao lado de Leo Casper), Zélia Duncan (“Não Move Nada”) e Ivo Meirelles (“A Paz Sonhada”), a nova bolacha traz parcerias inéditas, vide as canções assinadas com Nando Reis.

“O Nando é um amigo e parceiro de família, e a música ‘Aos Poucos’ já havia sido feita há algum tempo. Só agora é que foi concretizada. De quebra, fizemos ‘Me faz Sonhar’”, salienta Pepeu.

Em meio à salada musical de “Eterno Retorno”, a música “Porque Eu Te Amo”, fruto de uma parceria com o artista guianês Harold Caribbean (assinada também com Filipe Pascual), emerge com um tempero caribenho.

“O mr. Harold Caribbean é meu amigo-irmão de muito tempo. Em 2000, nós tínhamos um projeto chamado ‘Brasil Caribbean’, em que fizemos vários shows pelo Brasil. E ele é um artista muito valorizado e respeitado na Guiana Francesa”, afirma. A única faixa do álbum assinada apenas por Pepeu é “Mone”.

 

Shows, orquestra e Novos Baianos

Sucessor de “Alto da Silveira” (2014), o álbum “Eterno Retorno” vai gerar uma turnê a partir de março de 2019, garante Pepeu Gomes. “Com certeza Belo Horizonte não ficará de fora desse giro”, sintetiza o guitarrista e vocalista baiano. A turnê de promoção do novo trabalho poderá ser apenas a ponta do iceberg do artista para o próximo ano.

“Em 2019, gostaria de realizar um projeto, com o qual sonho, que é meu show instrumental com orquestra sinfônica, interpretando minha obra e grandes clássicos da MPB”, ressalta. E não para por aí. Os Novos Baianos também farão parte da programação, com direito a uma novidade e tanto.

“Depois da gravação do DVD ‘Acabou Chorare’ (2017), temos um contrato com a Som Livre para gravação e lançamento de um álbum inédito para o ano que vem”, ressalta o guitarrista.

 

Guitarrista recorda convite do Megadeth

Em meio a lendas que permeiam a história de Pepeu Gomes, está a de que ele teria recebido convite para fazer parte do Megadeth. O fato foi negado pelo líder da banda norte-americana de thrash metal, Dave Mustaine, mas o guitarrista baiano tem outra versão da história.

“Fui procurado pelo empresário do Megadeth após o Rock in Rio de 1985, mas não aceitei o convite e não aceitaria hoje, pois a banda não tem identificação com meu trabalho”, declara Pepeu, que aprovou o ingresso de outro guitarrista brasileiro na banda de metal em 2015. “Acredito que a banda tenha melhorado muito com meu amigo Kiko Loureiro (ex-Angra)”, completa.

Outro grupo norte-americano que pleiteou Pepeu foi o Living Colour, grupo que misturava funk com rock e metal. “Fui convidado em 1993, através do baterista Will (William Calhounque), que ficou meu amigo quando veio ao Brasil, devido à saída do guitarrista Vernon Reid. Mesmo achando que o Living se identificava mais com o meu trabalho do que o Megadeth, não pude aceitar o convite devido aos contratos e compromissos profissionais”, conta.

“Eterno Retorno” é o 44º disco da carreira de Pepeu, contabilizando álbuns solos, com Novos Baianos e outros projetos.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!