Dedicação

Eu estava mergulhada em uma fé cega

Redação O Tempo

Por Renata Medeiros
Publicado em 06 de março de 2009 | 18:36
 
 
 
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Mary Griffith, que inspirou o livro “Prayers for Bobby”, que acaba de ganhar sua versão televisiva, quer transformar o que foi uma tragédia em sua vida – o suicídio do filho homossexual – em uma lição para pais que enfrentam hoje as mesmas dificuldades que ela teve há 30 anos. Em entrevista exclusiva a O TEMPO, Mary fala sobre sua perda e também do seu trabalho de militância que teve início após a morte do filho.

O que a senhora sentiu quando descobriu que Bobby era gay?
Senti medo. Homossexualidade era uma palavra que eu nunca tinha falado ou escutado antes. Eu não tinha dúvidas de que Deus curaria meu filho.

Como a morte de seu filho mudou sua vida?
A morte dele mudou minha maneira de eu ver o mundo. Primeiro eu procurei na Bíblia por explicações. Queria saber porque Deus não havia curado meu filho. Depois entendi que Bobby não foi curado porque não havia nada errado com ele. Eu estava mergulhada em uma fé cega.

Quando e por que a senhora decidiu lutar pela causa LGBT?
Um ano antes de ingressar na militância procurei me informar sobre o tema para criar coragem e desafiar minhas antigas crenças. Foi aí que percebi que as coisas nas quais eu acreditava estavam erradas e que não era tarde para consertar a injustiça que havia praticado contra meu filho e contra tantos outros gays.

Qual é a opinião da senhora hoje sobre o que a maioria das Igrejas prega em relação à homossexualidade?
Eu não acredito que o amor de Deus esteja presente nesses locais porque ali se ensina a ignorância e o medo em relação ao tema.

O que a senhora diria aos pais que descobrem que o filho é gay ou que a filha é lésbica?
Confiem em seus filhos e escutem o que eles têm a dizer. Por mais que você não esteja preparado para essa situação, diga: ‘eu não entendo, mas com a ajuda de Deus eu estou aqui para ajudar você’.

O que a senhora achou do filme “Prayers for Bobby” e qual foi a parte que mais a tocou?
Primeiro me senti envergonhada e humilhada por causa da minha homofobia, ignorância e incapacidade de escutar meu filho. Já a melhor parte, na minha opinião, é quando eu finalmente percebo que não havia nada de errado com Bobby. Eu sei que o dano é irreparável. Bobby se foi, mas não em vão.

Se a senhora tivesse a oportunidade de dizer algo ao seu filho, o que seria?
Você estava certo Bobby. Eu era a errada. Você é igual a qualquer outra pessoa. Um adorável e valioso filho de Deus.

Corte da Califórnia discute definição do casamento gay na Constituição estadual
da redação

A Suprema Corte da Califórnia realizou ontem uma audiência sobre a constitucionalidade da proibição do casamento de homossexuais no Estado.
Em maio do ano passado, o Supremo californiano declarou inconstitucionais as leis que impediam a união entre pessoas do mesmo sexo, o que permitiu o casamento de 18 mil casais gays. Porém, em referendo realizado nas eleições de 4 de novembro, aprovou-se uma proposta que obriga o Estado a definir o casamento como uma união entre homem e mulher. O prazo para o veredicto é de 90 dias.

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