Cinema

'Minha Mãe É uma Peça 3': Terceiro filme mostra a maturidade da franquia

Paulo Gustavo e Rodrigo Pandolfo falam da comédia que faz rir - e até chorar - com história bem amarrada, que fala de ninho vazio e traz casamento gay

Por Etienne Jacintho
Publicado em 26 de dezembro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Dona Hermínia, uma das personagens mais bem-sucedidas da comédia nacional, volta aos cinemas em “Minha Mãe É uma Peça 3”, que estreia hoje. Desta vez, o roteiro de Paulo Gustavo ganha corpo sob direção de Susana Garcia (“Minha Vida em Marte”), que dá ao filme uma unidade, sem que as piadas pareçam esquetes independentes. Mesmo assim, ainda há algumas cenas que parecem descoladas da história, como a viagem de Dona Hermínia a Hollywood. 

No início do filme, o espectador vê Dona Hermínia como ela é: uma mulher escrachada, divertida, que fala o que pensa. Logo, porém, o público enxerga além dessa superfície e encontra uma mãe que não sabe o que fazer quando percebe que os filhos já não dependem dela 24 horas por dia, sete dias por semana. Por meio de flashbacks, a personagem criada por Paulo Gustavo e inspirada na mãe dele relembra sua trajetória maternal e emociona os espectadores.

Claro que Dona Hermínia não se dá por vencida e dá um jeitinho de se manter protagonista na vida de Marcelina (Mariana Xavier), que está grávida; e de Juliano (Rodrigo Pandolfo), que vai se casar com o namorado. 

O filme fala bastante sobre homofobia e aceitação, com o casamento de Juliano, mas também de maturidade, com a relação de Dona Hermínia com o ex-marido Carlos Alberto (Herson Capri). O mais bacana do filme é mostrar um casamento homoafetivo sem que, em momento algum, um personagem se questione sobre a união. “Não existe julgamento no filme de nenhum familiar de nenhum convidado. É um casamento. Ponto”, conta Pandolfo, que se sente “honrado” com a cena do casório.

“Eu me sinto feliz de ser um veículo para levar a uma massa essa cena que é algo que já passou da hora de ser encarado como algo orgânico”, defende. “Colocar um momento desses – em que a família acolhe a identidade sexual e o casamento – é importante para quebrar esse machismo de maneira leve, em que o amor impera”, afirma o ator, que também destaca a maturidade da relação entre a mãe e seus filhos como ponto alto deste bom terceiro filme da franquia. 

Para a diretora Susana Garcia, o diferencial deste filme está na emoção. “Dona Hermínia faz rir e emociona. Quis acreditar nessa emoção para contar uma história engraçada”, explica. 

 

Minientrevista com Paulo Gustavo

O quanto a Dona Hermínia é um retrato da sua mãe e o quanto é criação?

Eu me inspiro completamente na minha mãe para escrever essa personagem que amo. Além de a Dona Hermínia ser carismática e divertida, ela é irreverente e diz o que pensa. Minha mãe é assim ou até pior (risos). Dou uma amenizada no filme para ela! Mas acho que a personagem tem um pouco de mim também. Eu saio falando, divertindo, sou engraçado e cheio de manias. Acho que, no fim, é uma mistura, porque sou parecido com minha mãe. O que ela tem de defeito tenho igual; e o que ela tem de qualidade também tenho.

Por que as comédias nacionais fazem tanto sucesso?

Acho que as pessoas estão a fim de se divertir. Tento levar humor, mas também reflexão. Gosto de inspirar e transformar as pessoas. No filme, a gente fala de amor, amizade, gratidão. Homenageio minha família e todas as outras, porque família é tudo igual, né?

Por que você decidiu abordar a homofobia?

Porque acho importante. Quis levar a minha experiência. Eu me casei com o Thales (Bretas), sou um cara feliz, meus pais me aceitaram, não tive problemas com homofobia dentro de casa. Mas sei que isso não é uma realidade para todo mundo, por isso achei responsável, da minha parte, falar sobre isso, inspirar outras famílias e tentar tocar o coração das pessoas. 

 

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