Séries

'Pose' e 'The Politician': Quem faz a melhor pose?

Ryan Murphy chega em dose dupla ao catálogo da Netflix com um drama LGBTQ do FX ambientada nos anos 80 e uma comédia original teen; ambas sarcásticas e críticas

Por Etienne Jacintho
Publicado em 01 de outubro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Apesar de tão diferentes, duas séries que estrearam recentemente no cardápio da Netflix têm muitos elementos em comum, já que são criações de Ryan Murphy. Um dos principais contadores de histórias da atualidade, Murphy sempre aposta na estética de suas séries, criando obras visualmente interessantes que levam sua marca também no enredo. Suas criações, independentemente do tema e do gênero são recheadas de humor ácido, cinismo e contestações políticas e sociais. Esses elementos estão presentes em “Pose”, série dramática criada por ele para o FX, e “The Politician”, comédia produzida para a Netflix. 

“Pose” é incrível por seu figurino, sua temática e seu elenco. Ambientada nos anos 80, a série foca as batalhas de “pose” entre “casas” rivais, no cenário underground de Nova York. Mas underground real, da cultura do gueto, das minorias trans, em uma época em que a aids gerava pânico e preconceito. 
Mesmo diante da miséria, da tristeza e das perdas, essas mulheres e homens gays, pobres, enfrentam todas as dificuldades em nome do direito de existirem. É triste, sim, mas não é só isso. É um drama para rir, para chorar, para se revoltar. Billy Porter ganhou o Emmy não à toa. 

Murphy sabe criar personagens que têm muitos lados. É dele “Nip/Tuck”, com os cirurgiões plásticos – e até um serial killer – que o público amava odiar e odiava amar. Em “American Horror Story”, Murphy caprichou no visual para contar histórias de horror com um certo glamour. Basta lembrar das figuras de Jessica Lange e Lady Gaga na série. Seu último “American Crime Story: The Assassination of Gianni Versace” mostrou um lado assustador da psicopatia de um serial killer e pôs o mundo da moda e o pop em cena com Ricky Martin no elenco.

Esse lado pop ganha força em “Pose”, com elementos que trazem “Glee” de volta. As batalhas de dança empoderam as trans e a colocam num lugar de divas que elas não vivem em sua dia a dia. Nos bailes de “pose”, elas acreditam, sim, na foto. A atração traz os sonhos e as desilusões de quem ainda luta – e muito – por respeito. Com um elenco grande de atores trans, “Pose” é divina, crítica e visceral. 

Murphy segue com seu cinismo na irônica “The Politician”, que traz a história de Payton (Ben Plett), um almofadinha cujo objetivo é ser presidente dos Estados Unidos. Para isso, ele quer começar cedo a carreira, no grêmio estudantil. Claro que por votos, o garoto faz qualquer tipo de pose, assim como grande parte de seu círculo de amigos e inimigos. Gwyneth Paltrow está no elenco. No início dos capítulos, há um aviso: “A série fala sobre ambição conseguir algo a todo custo. Para quem luta para manter a sanidade, alguns elementos podem ser perturbadores”. Sacou?

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