Wagner Tiso, 74, tentou falar, ensaiou um discurso, mas não teve jeito: começou a chorar. Ele estava no encerramento da turnê “Clube da Esquina”, de Milton Nascimento, no Mineirão, diante de quase 15 mil espectadores. “Sou ‘manteiga-derretida’”, confessa. Desta vez, o homenageado e anfitrião será o próprio Tiso.
Nesta quarta (18) ele sobe ao palco do Esopo para comemorar seis décadas de atividade, cercado por amigos e companheiros de geração como Toninho Horta, Beto Guedes, Tadeu Franco, Murilo Antunes, Paulinho Pedra Azul, Celso Moreira, entre outros, e já sabe que “vai ser um chororô danado”, diz.
Nesse clima de cumplicidade e descontração, cada convidado teve a liberdade de escolher as músicas que irá cantar. Beto Guedes promete dar voz a “Quando Te Vi” e a “Amor de Índio”, enquanto Paulinho Pedra Azul interpreta “Cantar”, de Godofredo Guedes, pai de Beto. Já Gabriel Guedes, neto de Godofredo, optou por canções do vasto repertório de Tiso, conhecido por melodias sofisticadas para parcerias com Milton Nascimento, Fernando Brant e Ferreira Gullar, além de adaptações sobre temas do maestro Heitor Villa-Lobos.
“Nunca me importei com sucesso, nem pensava nisso. Só faço as coisas do jeito que gosto, não pensando no que possa vender mais, e estou aí até hoje”, observa o pianista. Nascido em Três Pontas, no Sul de Minas, Tiso se tornou vizinho de Milton ainda criança. “Quando o Bituca tinha 2 anos, levaram ele para morar em frente à minha casa”, recorda. A história da dupla estava só começando. Em 1959, Milton fundou o conjunto Luar de Prata e convidou Tiso para tocar acordeom.
“Fomos contratados para tocar no Automóvel Clube de Três Pontas. Foi a primeira vez na vida que ganhamos dinheiro com música, e é isso que eu estou comemorando agora”, diverte-se o entrevistado, que planeja lançar, em 2020, o Clubinho da Esquina, voltado para crianças, e um songbook com parte de sua obra.
Serviço
Show de Wagner Tiso e convidados, nesta quarta (18)