Fábio Porchat é um contador de causos por natureza. Desde menino já curtia narrar histórias, florear e, claro, também escutar o que os outros tinham para relatar. “Acho que a coisa que eu tenho de melhor é contar e ouvir histórias. Adorava contar piadas, historinhas, interagir. Por isso criei esse programa”, revela o humorista e apresentador sobre como surgiu a ideia de “Que História É Essa, Porchat?”, um dos programas mais celebrados dos últimos tempos e que estreou em agosto do ano passado no GNT.
A segunda temporada veio em março de 2020 com o mesmo sucesso da primeira. No entanto, por conta da pandemia do novo coronavírus, as gravações foram interrompidas. Mas, a partir de amanhã, a atração está de volta ao canal a cabo, às 22h30.
Porchat bateu um papo com jornalistas na semana passada da mesma maneira que vai interagir agora com seus convidados, online, e explicou como será este novo formato. “É uma ‘rerreestreia’, já que gravamos quatro episódios da segunda temporada, aí veio esse momento meio apocalíptico, e agora estamos nos reinventando. É o ‘Que História É Essa, Porchat?’ versão pandemia, versão novo normal", ressalta.
A atração – que terá 17 episódios inéditos –, mesmo que de forma remota, continua mantendo sua essência: as histórias. E vai ter de tudo. A atriz Grazi Massafera falando como foi lidar com uma lombriga, o ator Wagner Santisteban e o ataque de uma macaca quando participou do seriado “Sandy e Júnior”, a jornalista Sandra Annenberg comentando sobre a famigerada vinheta do plantão da Globo (“Até eu quando escuto aquela musiquinha me certifico pra ver se não fui eu que morri”, emenda o apresentador) e o ator Antônio Fagundes, narrando a história mais bonita que já passou pelo programa, segundo Fábio Porchat. “Só adianto que tem a ver com teatro”, afirma.
Mas não só as celebridades vão desfiar seus causos. Aliás, assim como aconteceu na primeira temporada, em que a história que mais viralizou foi a de uma menina de Goiás que entrou de penetra numa festa na casa do apresentador Luciano Huck, os anônimos prometem se destacar novamente.
“Uma das histórias mais surreais foi a de uma mulher que mandou um nude sem querer para o marceneiro e a de outra que, ao chegar bêbada em casa, estava com tanta sede que abriu o armário do banheiro procurando água achando que era a geladeira, mas acabou ingerindo Pinho Sol. O que nos interessa são histórias boas e que sejam bem contadas. Não importa quem seja”, frisa o apresentador.
Apenas Fábio Porchat está nos estúdios. Na verdade, ele conta com uma equipe bem reduzida na produção e na técnica. E todos muito bem-paramentados. “A gente grava nos Estúdios Globo, e estou impressionado como é tudo organizado, higienizado. Eu até comentei com minha mãe que é um dos lugares mais seguros para se estar por conta de todo o protocolo que estão seguindo. O palco é só meu (risos). Eu já pulei, dei cambalhota, duplo twist carpado”, brinca.
Já os convidados e a plateia estão em casa, onde recebem um equipamento enviado pela Globo para que tudo ocorra da melhor forma possível. “A gente pensou nisso justamente para que tenha um padrão, não tenha delay, porque um está com um tipo de celular ou câmera. História picotada, cortada, não faz sentido. Se ela não for bem contada, o programa naufraga. O equipamento chega cedo à casa do convidado, ele monta, faz um ajuste técnico para que tudo saia da melhor forma possível. Leva tempo”, revela Porchat. No entanto, pelo fato de praticamente todo mundo estar de forma remota, o desgaste é bem maior.
Se antes da pandemia, do jeito “normal”, ele conseguia gravar de dois a três programas por dia, agora é apenas um. “O programa me consome muito mais. É um desgaste físico, emocional. A concentração tem que ser bem maior”, pontua.
CENÁRIO
Para manter a dinâmica do programa e ele não perder sua interatividade, um novo cenário foi criado pelos profissionais do estúdio SuperUber, que trabalhou em parceria com a equipe de tecnologia da Globo e com a produtora Porta dos Fundos.
No novo espaço, que continua em formato de arena, Fábio Porchat recebe virtualmente três convidados famosos e 42 pessoas na plateia. Os telões contam com discos projetados, cada um deles com a imagem de um convidado famoso em destaque, além de outros discos menores em frente à tela com imagens do público. A SuperUber usou a ideia do Color Coding, em que cada tela tem uma cor. Dessa forma, o telespectador consegue perceber para onde o apresentador está olhando.
ESTREIA
O programa de estreia traz o humorista Leandro Hassum lembrando que fingiu ser o ator Otávio Muller em um parque, a cantora Fafá de Belém, que recorda o dia em que invadiu um casamento vestida de noiva, e o apresentador Rodrigo Hilbert explicando como seu dedo ficou torto.
Porchat diz que tem alguns convidados que ainda almeja muito levar a seu programa, como Faustão, que ele assegura já ter cobrado. “Acho que ele só vai vir no dia que eu tiver 30 anos de Globo e for meu programa de despedida (risos)”, diverte-se Fábio Porchat, que ainda elenca outros sonhos de consumo como o jornalista William Bonner e os cantores Zeca Pagodinho, Fábio Jr. e Roberto Carlos. “O Rei eu estou no pé. Cheguei a pedir até para o Dody Sirena (empresário do artista) no começo do ano, e ele me respondeu que em setembro do ano que vem o Roberto vai estar disponível. Juro que ele falou isso”, comenta entre gargalhadas.
Entretanto, questionado se tem alguém que ele não levaria de jeito nenhum, Porchat não titubeia: "Não levaria nenhum político porque não queria misturar as coisas. A não ser alguém que não é mais político, como é o caso do Fernando Gabeira”.
Fábio Porchat salienta que, no começo, tinha um certo receio de tentar levar o “Que História É Essa...” para a versão remota, mas que se surpreendeu com o resultado. “O programa foi feito para ter plateia, para as pessoas ficarem ouvindo e contando histórias em volta da ‘fogueira’. Eu tinha esse medo de ele perder a sua essência, não ter aquela pegada. Mas tem sido muito bacana, e acredito que ele mantém o foco. Histórias muito interessantes, e as pessoas ainda prestando muita atenção”, celebra.
GLOBO EM OUTUBRO
Assim como aconteceu com o “Lady Night”, de Tatá Werneck, que era exibido originalmente na TV a cabo (Multishow) e foi parar na Globo, “Que História É Essa, Porchat?”, também vai entrar na grade da emissora carioca. Dez episódios da primeira temporada vão estrear em outubro. “Eles ficarão no ar até dezembro, mas ainda não sei o dia nem a hora, mas serão nas noites da Globo”, revelou.
A primeira temporada tem mais de 20 episódios, ou seja, a exibição poderá continuar após os três meses caso a audiência vá bem. Pelo menos é isso que Porchat espera. “Teremos mais uns 14 episódios na manga. Bem legal”, festeja.