CARTAGENA, COLÔMBIA - A América Latina é excelente em futebol, música e literatura, mas, fora isso, não é protagonista no cenário mundial. Este duro recado foi dado por Bruce Mac Master, presidente da Associação Nacional de Empresários da Colômbia (ANDI), economista e autor do livro "O Continente dos Países Resignados", durante a Alacero Summit 2025, evento promovido pela Associação Latino-Americana do Aço (Alacero) em Cartagena, Colômbia.
“Lula (presidente do Brasil) foi convidado para o G20 (grupo dos países ricos), mas não faz parte da política de decisões globais. Quem dita as regras são os países ricos”, afirmou, criticando a falta de unidade no continente.
Segundo Mac Master, os governantes da América Latina priorizam projetos de poder em detrimento do objetivo de tornar suas nações grandes e independentes. “Só querem sucesso próprio, posição, manter ideologias. Isso nos impede de criar um bloco forte. Somos semelhantes, mas não somos iguais”, disse.
Ele argumenta que um país sul-americano sozinho não é relevante, mas o bloco continental teria maior força. Mac Master também criticou a baixa “intraexportação” (trocas comerciais) na região. Para ele, há potencial para mais acordos comerciais, mas os países agem de forma muito isolada nesse quesito.
Países, em sua avaliação, só crescerão com uma indústria forte, capaz de gerar empregos de qualidade, receitas e divisas. Para isso, as proteções comerciais são um ponto fundamental, e é justamente essa ação conjunta que falta. “A China está prejudicando a todos com exportação predatória, ocupando espaço com seus produtos e gerando sua própria cadeia produtiva. E os países do Continente? Em grande parte, passam por desindustrialização. Os governos não estão acompanhando, não assumem uma política industrial e desenvolvimentista. Precisamos ter um setor produtivo forte para concorrer no mundo”, concluiu.
Mac Master finalizou destacando que a China leva vantagem na balança comercial com vários países da América Latina por exportar produtos com valor agregado e importar apenas commodities básicas, como soja, lítio e minério. “Não temos esse cenário de valor agregado nas exportações aqui na América Latina”.
*Repórter viajou a convite da Alacero
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