Ganhos

Bancos faturaram R$ 27,3 bi com tarifas cobradas em 2017

Entre as cinco maiores instituições que atuam no país, Banco do Brasil foi a que mais arrecadou

Por Juliana Gontijo
Publicado em 28 de fevereiro de 2018 | 03:00
 
 
 
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O vendedor Michio Alves decidiu trocar o pacote de tarifa bancária, que custava quase R$ 70 por mês, pelo pagamento do plano anual de uma academia de ginástica. Ao mudar de emprego, ele percebeu que estava pagando caro pelos serviços oferecidos pela instituição financeira. “No meu caso não vale a pena, pois eu não utilizava o que era oferecido pelo banco. Assim, há cerca de oito meses decidi encerrar essa conta”, diz. Hoje, ele utiliza no mesmo banco a conta universitária, que custa R$ 7,50 ao mês.

A cobrança das tarifas é uma receita importante dos bancos, sendo responsáveis, segundo especialistas, por entre 20% e 25% dos ganhos. Somente as tarifas de conta corrente garantiram aos cinco maiores bancos no Brasil – Banco do Brasil, Caixa, Santander, Itaú e Bradesco – R$ 27,3 bilhões em 2017, conforme levantamento feito pelo site InfoMoney. Um recorde, embora a pesquisa não revele o valor arrecadado em anos anteriores.

O Banco do Brasil, por exemplo, atribuiu parte da alta de 54,2% no lucro líquido do ano passado ao aumento da receita com as tarifas, que subiram 9%. O lucro líquido da instituição foi de R$ 11,1 bilhões em 2017. Já o ganho com tarifas somou R$ 6,9 bilhões. O banco estatal foi a instituição que mais faturou com essas cobranças por serviços.

No fim do ano passado, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) divulgou pesquisa inédita sobre o reajuste das tarifas cobradas pelos cinco maiores bancos com atuação no país e constatou que os valores, tanto de tarifas avulsas como de pacotes de serviços, subiram bem acima da inflação no período de novembro de 2016 a outubro do ano seguinte. Na média, as correções ficaram em 12,6%, equivalente a 4,6 vezes a inflação do mesmo período.

Segundo o levantamento, entre os 58 pacotes de tarifas oferecidos por essas instituições, 50 deles (81%) subiram de preço, seis não foram corrigidos e dois tiveram reajustes inferiores ao índice oficial de inflação. O maior aumento, de 78,88%, foi aplicado pela Caixa em seu “pacote convencional”, que passou de R$ 25,10 para R$ 44,90.

A economista do Idec, Ione Amorim, diz que é possível reduzir o impacto das tarifas bancárias no orçamento. Uma das saídas é optar pelo pacote de serviços essenciais. “Agora, antes de definir por esse pacote, analise o seu perfil. Como a pessoa tem direito a quatro operações de saque por mês, a saída é otimizar o pagamento com o uso do débito”, diz.

Ela frisa que, por determinação do Banco Central, toda as instituições são obrigadas a oferecer esse pacote sem a cobrança de tarifas. “Não existe restrição ao perfil do cliente, como alguns bancos chegam a afirmar, com o objetivo de fazer com que o usuário dos serviços bancários não utilize essa modalidade de pacote”, observa.

Outra opção são as contas digitais. “Agora, é preciso ficar alerta e verificar se o banco cobra. É que muitas instituições passaram a cobrar tarifas para contratos novos”, diz. Há também a opção das contas universitárias, para os que estudam, que têm tarifas mais em conta. “O problema é que não vale para todo mundo”, ressalta.

 

Juros do cheque especial sobem

Brasília. A taxa de juros do cheque especial chegou a 324,7% ao ano em janeiro, de acordo com dados do Banco Central divulgados na terça-feira (27). Em relação a dezembro, o aumento foi de 1,7 ponto percentual.

Outra alta taxa de juros é a do rotativo do cartão de crédito, que atingiu 241% ao ano em janeiro, com aumento de 7,1 pontos percentuais em relação a dezembro. Essa é a taxa para quem paga o valor mínimo da fatura. Já o índice para quem que não pagou ou atrasou o pagamento mínimo está em 387,1% ao ano.

FOTO: Mariela Guimarães
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Ganhos altos

“Eu pago R$ 19 por mês para deixar o meu dinheiro na conta corrente. Acho que poderia ser mais baixo. Os banco já ganham muito.”

Leonardo Mota

Professor

FOTO: Mariela Guimarães
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Boleto

“O banco cobra R$ 3 para emitir um boleto. E, se você atrasa, ainda há uma taxa de serviço de cobrança. Os bancos não querem perder nunca.”

Juliana Reis

Professora

 

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