O preço da carne bovina, que vem registrando aumentos nos últimos meses, vai baixar em 2020, mas não retornará aos níveis anteriores, segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões.
A afirmação ocorreu durante apresentação do balanço do agronegócio mineiro em 2019, realizada ontem em Belo Horizonte.
De acordo com ele, o preço da carne está estagnado há três anos e meio, enquanto custos de produção cresceram no período.
“Veremos um novo patamar (de preços), mas com certeza não será nessa altura que se chegou. Preços muito altos não servem nem para o consumidor, nem para o produto”, afirma.
Além dos efeitos do mercado externo, como a crise da peste suína na China que aumentou a demanda pelo produto brasileiro, Simões aposta na recuperação de renda das famílias em 2020.
Com isso, ele acredita que o consumo será incentivado, e o mercado “deve definir” qual será o novo parâmetro de preço da carne bovina no Brasil.
Em 2019, foram produzidas 670 mil toneladas de carne bovina em Minas Gerais, o que, segundo a Faemg, coloca o Estado como o terceiro maior produtor do país.
O faturamento da pecuária foi o que mais cresceu percentualmente, com 11,7% de avanço em relação ao ano passado, somando R$ 28,8 milhões.
Balanço
Apesar de crises no preço em setores essenciais para o Estado que ocorreram durante o ano, como a queda brusca no valor da saca de café, terem afetado o agronegócio mineiro, o faturamento do setor deve fechar 2019 com alta de 5,8% em relação a 2018, somando R$ 66 milhões em valor bruto da produção em Minas. Ano passado, a quantia ficou em R$ 62,4 mil.
Por causa da alta no preço da carne, a pecuária foi a atividade que mais cresceu, com avanço de 11,7% em relação ao ano anterior.
A arroba do boi, que é comercializada no mercado internacional, chegou a R$ 230 em novembro até se estabilizar em R$ 205 neste mês. Segundo a Faemg, o preço costumava flutuar entre R$ 140 e R$ 170.
No ano, foram produzidos 670 mil toneladas de carne de boi em Minas, o que coloca o Estado como o terceiro maior produtor do país, atrás do campeão Goiás e do segundo colocado Mato Grosso.
Etanol
O preço favorável em relação à gasolina impulsionou, em 2019, a produção canavieira no Estado.
A atividade gerou 63,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar colhidas e 3,1 bilhões de litros de etanol produzidos.
O município que mais produziu em Minas foi Uberaba, no Triângulo.
Importância
Em 2019, a maior parte do faturamento do agronegócio mineiro veio da produção agrícola, que teve alta de 1,6% em relação ao 2018, somando R$ 37,2 mi.
Agronegócio quer receber para preservação ambiental
O Agronegócio deveria receber dinheiro para preservar o meio ambiente, afirma o presidente da Feamg, Roberto Simões.
Em entrevista coletiva durante apresentação do balanço do setor em 2019 ontem, ele argumentou que a preservação é um “serviço” prestado pelos empresários do campo.
“Precisamos, sim, discutir a Amazônia. Quer ajudar a conservar lá? Pague por isso. Quer que eu reserve 20% dos meus ativos para a causa (ambiental)? Me pague por isso. Por quê vamos resolver o problema da sociedade inteira sem receber nada por isso?”, declarou Simões.