Apesar das dificuldades econômicas, cidades do interior do país conseguiram registrar saldo positivo nas vagas com carteira assinada neste ano. Entre as 30 maiores cidades na geração de postos de trabalho, 29 estão no interior do país. Das capitais, apenas Goiânia conseguiu o feito de estar no ranking de criação de vagas. Conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), essas 30 cidades registraram 63 mil novos postos de trabalho no intervalo de janeiro a agosto deste ano, enquanto que no mesmo período foram eliminadas no país 573 mil vagas. Nos últimos 12 meses finalizados em agosto, o mercado de trabalho formal no país reduziu 986 mil vagas.

O que ajudou na geração do emprego neste ano foi a agropecuária, que tem destaque em 12 cidades. Todas as cidades mencionadas possuem mais de 30 mil habitantes. <TB>A cidade mineira mais bem colocada na geração de vagas no país foi Nova Serrana (região Centro- Oeste). O conhecido polo de produção de calçados ocupou o 10º lugar no país e o 1º no Estado, com 2.168 vagas.

No país, coincidentemente, outra cidade produtora de calçados ocupou a primeira posição, Franca, no interior de São Paulo.

O coordenador do curso de ciências econômicas do Centro Universitário Newton Paiva, Leonardo Bastos Ávila, observou que o impacto da redução da atividade econômica não é sentido com a mesma intensidade nos municípios brasileiros. “Vai depender da relevância de alguns setores na economia das cidades. O fato é que os impactos da crise estão bem espalhados pelos segmentos da economia. O único setor que vem sentindo menos é o agronegócio”, observa.

Estado. Entre as cidades que mais geraram vagas em Minas, algumas tem forte presença do agronegócio, com destaque para a produção de café, como Patrocínio, que ocupou o terceiro lugar entre as cidades que mais criaram vagas no Estado, seguida por Três Pontas. Machado também foi destaque e ocupou o sétimo lugar.

O diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Breno Mesquita, explica que dos 853 municípios de Minas Gerais, cerca de 600 tem produção de café, sendo Patrocínio o maior produtor, seguido por Três Pontas. Ele observa que durante o período da colheita, que vai de maio até outubro, é o auge da geração de empregos na atividade, em especial, nos municípios cuja colheita é menos mecanizada. “Para colher café é necessário muita gente”, diz. 

Setor calçadista diz que situação poderia ser melhor

O 10º lugar de Nova Serrana (Centro-Oeste) na geração de vagas no país não foi considerado uma surpresa para o secretário de governo da prefeitura da cidade, Maurício Lacerda. “A cidade vem apresentando crescimento nos últimos 20 anos”, diz. De janeiro a agosto deste ano, a cidade gerou 2.168 postos de trabalho, segundo o Caged. O vice-presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Júnior César Silva, afirma que, apesar do saldo positivo do emprego, boa parte proveniente do setor calçadista, a atividade não vive um bom momento. “Há emprego, mas ele é menor agora do que no passado recente”, frisa.

Ele estima que o segmento gere no polo 20 mil postos de trabalho diretos e outros 21 mil indiretos. “Em 2013, 2014, esse total era cerca de 10% maior. O bom desempenho de Nova Serrana se deve mais ao resultado pior dos outros municípios”, analisa. A estimativa para 2015 é de redução da produção de 5% a 10% na comparação com 2014.

Enquanto Nova Serrana foi a cidade que mais criou vagas, Belo Horizonte foi a que mais eliminou vagas no Estado, menos 40.439 empregos formais no ano. 

Indústria cortou mais

As cidades com vocação industrial em Minas Gerais foram as que mais cortaram vagas neste ano, segundo dados do Caged. Depois da capital, Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, foi a que mais reduziu vagas em 2015 até agosto. Foram 7.536 empregos a menos neste ano. O terceiro lugar na ranking do desemprego ficou com Betim, com menos 5.042 vagas.