Aviação

Confins triplica movimento, mas recuperação ainda vai demorar

Terminal já opera com 15% da capacidade normal após ter atuado com 5% no início da pandemia

Por Queila Ariadne
Publicado em 13 de julho de 2020 | 03:00
 
 
 
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Quando a pandemia do novo coronavírus começou, o movimento do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, conhecido como Confins, despencou 95%. Aos poucos, o terminal começa a recuperar voos e passageiros, mas ainda tem um longo caminho pela frente.

“Logo na primeira semana, chegamos a operar com 5% da capacidade. Agora, já estamos com cerca de 15% e, em agosto, devemos chegar a 30%. Mas ainda vão faltar 70% para voltarmos aos patamares anteriores. Estamos retomando na medida do possível e já adicionamos cinco destinos em julho e vamos adicionar outros seis em agosto”, anuncia o gestor de conectividade e aviação da BH Airport, Clayton Begido.

Até junho, Confins estava com apenas dez destinos. A partir deste mês, após reativar Belém, Porto Seguro, Recife, Salvador e Galeão (RJ), aumentou a malha para 15 destinos.

E, no mês que vem, serão 21. “Em agosto, vamos adicionar seis. Comparando com outros aeroportos, até que estamos tendo uma recuperação rápida, o que prova que as companhias aéreas estão acreditando no mercado de Minas Gerais”, destaca o gestor da concessionária responsável pela administração do aeroporto na capital. 

Só com os cinco voos retomados em julho, o movimento mensal, que estava na faixa de 67,5 mil passageiros em junho, vai girar entre 120 mil e 140 mil.

Mesmo assim, ainda está muito longe do fluxo normal, que era de 900 mil passageiros ao mês, antes da pandemia. “Acredito que, no primeiro trimestre do ano que vem, já devemos estar com 90% da nossa capacidade”, estima Clayton Begido.

Lentamente

Na avaliação do presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, a retomada do setor está acontecendo, mas ainda vai demorar.

“Para se ter uma ideia, antes da pandemia, em dezembro, por exemplo, a média de voos diários era de 2.700 (no Brasil). Em abril, nosso pior momento, chegou a cair para 163, menos de 10%. Em julho, estamos na casa dos 30%. Acredito que a retomada será lenta, e, neste ano, devemos chegar a 60% nos voos domésticos. Para o mercado internacional, existem estudos que indicam que essa recuperação pode demorar três anos”, explica o presidente da entidade.

“Só crescemos se a tendência for positiva. Com as flexibilizações, começamos a perceber uma melhora em alguns setores como mineração, por exemplo. Outro setor que também precisa muito do aéreo porque, na verdade, nunca chegou a parar é o agronegócio”, pontua Begido, da BH Airport, ressaltando que, para a aviação crescer, a economia também precisa ser reativada.

Negócios da região também sofrem

A queda na demanda vai além do aeroporto de Confins. Negócios do entorno, que dependem do fluxo de passageiros, amargam prejuízos que podem ser irreversíveis. Pelo levantamento da reportagem, dos cerca de dez estacionamentos remotos na região, apenas dois estão funcionando, mas em regime parcial. 

Sempre lotados em tempos do “velho normal”, Velox Park e Estapar estão operando em baixíssimo volume. A reportagem tentou contato com as duas empresas. Por meio da assessoria de imprensa, o Estapar disse que não poderia responder.

Já o Velox não retornou.

Funcionários dos estacionamentos contaram que as demissões foram muitas, e vários concorrentes chegaram a fechar as portas.

O Super Park informa, por meio do site, que está com as atividades suspensas por tempo indeterminado, enquanto durar a pandemia.
Os hotéis da região também foram impactados. O Linx Confins, que costumava trabalhar com 70% dos 174 apartamentos ocupados, está fechado desde o fim de março.

A previsão é que as operações sejam retomadas a partir de setembro, e, para isso, a empresa contratou uma consultoria para implantar novos processo de biossegurança. 

Por meio da assessoria de imprensa, o hotel explicou que fez ajustes pontuais, baseados na MP 936 do governo, como suspensão de contrato de trabalho e redução de jornada, o que colaborou para a manutenção dos empregos.

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