Pandemia

Coronavírus: novo decreto da PBH preocupa Associação Mineira dos Supermercados

Será permitido somente um cliente a cada 13 metros quadrados de área de venda da loja

Por Helenice Laguardia
Publicado em 17 de abril de 2020 | 20:31
 
 
 
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Preocupado com os reflexos do novo decreto 17.332 do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, o presidente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Alexandre Poni, faz um alerta aos consumidores. É que a partir da próxima quarta-feira, dia 22, além da exigência do uso de máscara no interior das lojas, só será permitida a entrada de um adulto com carrinho por compra na loja, sem a permissão de entrada de criança. O decreto autoriza ainda somente um cliente a cada 13 metros quadrados de área de venda dentro do supermercado.

“A  gente vê que o nível de contaminação em Belo Horizonte está bem mais baixo que o resto do país, então, vemos que essas restrições funcionam, mas ficamos com medo, porque nossos supermercados têm que atender a população e a gente já reduziu em duas horas o horário que a gente fechava. Antes era às 22h, agora fechamos às 20h pela falta de transporte público para os colaboradores irem embora para casa. Entendemos essas restrições, mas ficamos com muito receio”, admitiu Poni, em entrevista à rádio Super 91,7 FM

Com cerca de 7.300 lojas de supermercados que geram 205 mil empregos diretos em Minas Gerais, o presidente da Amis fez outro pedido aos clientes dos supermercados de todo o Estado: que venham em horários e dias alternativos, e que não se concentrem nos horários de pico de 17h às 20h. No início da semana - segunda, terça e quarta-feira – são os dias preferenciais, segundo Poni. “A gente vai acabar limitando o cliente não dentro das lojas, mas na porta da loja e vai criar outro tipo de aglomeração. Vamos cumprir todas as exigências desse decreto mas é um momento que precisa da colaboração dos nossos consumidores porque essas restrições podem não fazer aglomeração dentro da loja, mas ter do lado de fora (da loja)”, apontou.

Sobre os reajustes de preços, principalmente do leite, arroz, feijão, óleo de soja, ovos e açúcar, Poni disse que os supermercados estão sofrendo pressões dos fornecedores fabricantes em nível Brasil. “Quase todo o arroz é produzido no Sul do país. O caminhão vem carregado de arroz para atender o Sudeste e não tem frete de retorno, tem que voltar vazio para buscar mais arroz, isso gerou aumento.

No caso dos ovos, produtores estão falando que subiu (o preço) da ração e outros (insumos). Não somos produtores, somos repassadores. Estamos mantendo a nossa margem (de lucro) que sempre tivemos e nossos custos têm sido elevados com investimentos na segurança dos trabalhadores e dos clientes”, justificou o executivo. 

Poni, que também é dono da rede Verdemar, em Belo Horizonte, disse que o setor supermercadista foi obrigado a repassar os preços. “De quem é a culpa? A culpa não é do supermercado, mas existe essa pressão o tempo inteiro. Como um preço cai? Quando se consome menos. Nesse momento, esses produtos são básicos”, explicou.

No caso dos produtos da indústria de laticínios, Poni informou que a pressão maior é sobre o leite de caixinha, que está custando na faixa de R$ 3,20 a R$ 3,69 nas gôndolas. “O aumento de preço foi no leite. A mussarela e o queijo prato caíram de preço porque são os restaurantes e as lanchonetes que consomem mais esses produtos e eles estão fechados e a demanda é muito menor”, explicou. Poni disse que a indústria (de laticínio) chega e fala que aumentou o preço e que não tem condições de vender mais barato. “É quase como dizer: quer ou não quer. Se não quiser, também não entrego”, comparou. 

Se já é o momento de o comércio voltar a funcionar em Minas Gerais, Poni disse que fica desesperado vendo a economia se esfacelar. “Eu, particularmente, gostaria muito que (o comércio) pudesse voltar aos poucos, e fosse afrouxando isso. É uma divisão muito grande entre saúde, entre economia. Torço muito para poder voltar, acho que poderia ser um momento bem paulatino. A gente fica com muito pesar. Acredito que possa ser bem organizado esse retorno. É muito importante para a economia, para o país, é importante para todos, porque a fome e a miséria também não vão adiantar nada”, defendeu. Se já tem espaço para reabrir o comércio ainda neste mês, Poni acredita que paulatinamente, com muita organização, é possível sim. “Por enquanto, teremos que nos reinventar nessa história de comércio para ver se a economia volta aos poucos”, admitiu.

 

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