Em Minas

Custo de produção do café já supera o valor de venda

Produtores reclamam de prejuízo e cobram política pública

Por Franco Malheiro
Publicado em 23 de maio de 2019 | 03:00
 
 
 
normal

O mercado do café não vive um bom momento, pelo que dizem os produtores de Minas Gerais, Estado com a maior produção do país. Mesmo sendo a segunda bebida mais consumida no Brasil – atrás somente de água –, como aponta pesquisa da Jacobs Douwe Egberts (JDE), empresa detentora das marcas Pilão e L’OR, a saca do grão tem sido vendida abaixo do preço de custo de produção.

Segundo o presidente da comissão de café da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Breno Mesquita, o produtor tem em média um custo de R$ 420 por saca produzida, mas a média do preço de venda é R$ 350. Ele credita essa diferença ao excesso de oferta no mercado. “A produção do café mundial cresce cerca de 1,5% ao ano, e o mercado consumidor não está absorvendo toda a produção, forçando a queda no preço da saca”, explica Mesquita.

Nesse sentido, há um esforço por parte da Faemg e de produtores em cobrar do governo federal a elaboração de mecanismos para minimizar esse cenário desfavorável. Para ele, é preciso diminuir essa reserva a fim de forçar o mercado a aumentar a procura pelo produto e, consequentemente, o preço ao produtor. Segundo Mesquita, houve uma reunião junto ao Ministério da Agricultura para tratar do assunto. Mesmo assim, ele mantém uma visão otimista para o setor. “O Brasil é, sem dúvida, um dos poucos países capazes de abastecer o mercado cafeeiro no mundo. Outro ponto positivo é que cresceu a procura por produtos de melhor qualidade e origem, graças às cafeterias”, conclui.

Gargalo

O café é cultivado em 607 dos 853 municípios do Estado, sendo a principal atividade econômica em 340. Mais de 4 milhões de mineiros dependem, direta ou indiretamente, da cafeicultura para seu sustento, segundo a Faemg. Nesse sentido, a economia de inúmeros municípios depende do café.

“Tenho 37 anos de café e, para ser sincero, não me lembro de um momento tão ruim para o produtor. E isso prejudica o município, aumenta o desemprego e o consumo no comércio. Muitos produtores não estão conseguindo manter ou honrar com as dívidas”, lamenta Murilo Barbosa, produtor da cidade de Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, e Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais do município. O produtor Júlio Maria Hybner, de Lajinha, na Zona da Mata, também lamenta o momento vivido pelo setor. “O preço do insumo aumentou de R$ 1.200 a tonelada (em 2017), para R$ 2.000 (em 2019), enquanto o preço de venda da saca diminuiu. A conta não está fechando. Está difícil manter mão de obra, e o crédito está cada vez mais escasso”, afirmou.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!