A Fiat já voltou a produzir. Após 48 dias com a linha de montagem parada, a montadora inicia um processo de retorno gradual, com 35% dos funcionários. Cerca de 4.000 trabalhadores retomaram seus postos presenciais na fábrica de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. Os demais colaboradores, de 6.500 a 7.000 pessoas, continuarão em regime de home office.
De acordo com o gerente de saúde, segurança e meio ambiente da Fiat Chrysler Automóveis (FCA) para América Latina, Neylor Bastos, ainda é cedo para afirmar quando a montadora retomará os níveis de produção de antes da pandemia. “Dentro de três a quatro dias, a fábrica já terá capacidade para produzir o mesmo volume. Entretanto, o ritmo vai depender da demanda do mercado”, explica Bastos.
Antes do coronavírus, a Fiat produzia cerca de 1.500 carros por dia. Em entrevista recente ao jornal O TEMPO, o presidente da FCA na América Latina, Antonio Filosa, estimou uma queda de 40% na demanda da indústria automotiva em relação a 2019.
Ao todo, considerando as unidades do Paraná e de Pernambuco, a FCA tem 20 mil funcionários. Só em Betim, são cerca de 11 mil, dos quais mais de 60% são da linha de produção. Com exceção do administrativo, que ficou em home office, os trabalhadores ficaram de férias coletivas de 23 de março a 21 de abril e, depois, a empresa prorrogou por mais tempo a paralisação das atividades.
A retomada só foi possível após elaboração de um plano de segurança que envolveu uma série de testes e adaptações, alinhado com experiências de outros países. “Esse processo começa antes do funcionário sair de casa. Criamos um aplicativo onde ele mesmo preenche suas condições gerais de saúde e informa se teve contato com algum caso suspeito ou confirmado de Covid-19”, explica Bastos.
Para aumentar a segurança na jornada, a Fiat dobrou o número de ônibus que transportam os funcionários, para garantir mais distanciamento entre os passageiros. Agora, são 283 veículos. “Também criamos a figura do capitão da saúde, que atua dentro do ônibus para garantir o cumprimento de todas as medidas de segurança”, ressalta Bastos.
Além dos cuidados com o deslocamento, a montadora implementou controle de temperatura na entrada dos trabalhadores, por meio de câmeras termográficas no acesso à fábrica, distanciamento nas áreas comuns e intensificação da higienização, além de uso de máscaras e álcool em gel.
A empresa criou barreiras de isolamento e sinalização entre as estações de trabalho, assim como nos banheiros, refeitórios e todas as áreas comuns. “Os funcionários voltam em um ambiente com extrema segurança para desempenharem suas atividades”, destaca Bastos.
Sobre lançamentos previstos para este ano, o diretor de comunicação corporativa e sustentabilidade da FCA, Fernão Silveira, estima que os projetos podem sofrer atrasos de três a 12 meses. Segundo ele, o ciclo de investimentos que previa R$ 16 bilhões entre 2018 e 2023, está mantido. Entretanto, o prazo também pode sofrer uma extensão.