A Fiat confirmou nesta quarta-feira (22) que trará para a unidade de Betim a fábrica de motores turbo, com um investimento de R$ 500 milhões e geração de 1.200 empregos, sendo 300 diretos e 900 indiretos na cadeia de fornecedores. O anúncio foi feito pelo presidente da Fiat para a América Latina, Antonio Filosa, confirmando informações publicadas por O TEMPO na semana passada. A novidade foi apresentada nesta quarta-feira na unidade mineira em solenidade com a presença do CEO mundial da Fiat, Mike Manley, e do chairman da empresa, John Elkann.
“Os sólidos resultados do grupo na América Latina nos últimos trimestres, o potencial de crescimento do mercado e, em especial, a versatilidade e alta qualificação da mão de obra brasileira foram fatores fundamentais para trazer esse investimento para o Brasil, que disputava com outros países a possibilidade de receber a nova fábrica de motores turbo”, comenta Filosa. Em fevereiro, o executivo afirmou que a China tinha 51% de chance de receber a nova fábrica.
A planta mineira ganha, assim, a sua quarta linha de motores. Atualmente, a fábrica tem capacidade de produzir 900 mil motores por ano, e que passará para 1,3 milhão em 2021. “Os motores turbo são menores e mais potentes e usam muita tecnologia. Outra vantagem é que eles podem ser personalizados, ou seja, um mesmo motor ser adaptado para vários modelos de carros”, conta o assessor técnico da Fiat, Ricardo Dilser. Com a nova produção, Betim passará ser o maior polo produtor de motores e transmissões da América Latina. As exportações da Fiat também crescerão. Segundo Filosa, Betim já tem contratado o embarque de mais de 400 mil motores até 2022. O destino inclui vários mercados, entre eles a fábrica da Jeep em Goiana, em Pernambuco, e o mercado europeu.
Empregos
O prefeito de Betim, Vittorio Medioli, comemorou o anúncio pela recuperação de vagas na indústria local. “Muitos produtos poderão ser desenvolvidos aqui com esses novos motores, retomando e devolvendo um pouco dos empregos que perdemos nos últimos anos. Tivemos uma queda de receita pública nos últimos anos. Betim foi muito prejudicada devido à queda da atividade industrial. E, agora, precisamos repor”, afirmou Medioli.
Também presente ao evento, o governador do Estado, Romeu Zema, citou a geração de empregos como uma das suas principais metas. “A única promessa de campanha que fiz foi gerar 150 mil empregos por ano em Minas Gerais. Sempre disse que faria do governo um amigo das empresas que gerassem emprego”, afirmou. O CEO mundial da Fiat, Mike Manley, afirmou que está otimista com “o empenho do governo (federal) em aprovar as reformas estruturais tão necessárias para a retomada do crescimento econômico (do país)”.
Mais versatilidade e potência
Os motores GSE Turbo de três e quatro cilindros, batizados de T3 e T4, serão produzidos na nova planta de Betim. Eles se destinam a equipar os modelos mais recentes da montadora e farão parte da família Firefly, que foi lançada mundialmente em 2016.
Os motores T3 e T4 têm as mesmas cilindradas dos motores Firefly N3 e N4, com mais versatilidade e potência graças à sobrealimentação. “Os novos motores ainda apresentam um menor consumo com a mesma potência”, explica o assessor técnico da Fiat Ricardo Dilser. Foram introduzidas novas tecnologias para garantir desempenho e menor consumo de combustível. Eles também se adéquam a normas regulatórias de emissões, que serão adotadas a partir da próxima década. A tecnologia flex dos novos motores também será mais avançada. Eles serão capazes de queimar etanol e gasolina, separados ou misturados, em qualquer proporção. (LP com agências)
Estado isenta o GNV e promete simplificar tributação do setor
A decisão da Fiat de trazer a nova linha de motores para Betim pode ter passado por benefícios fiscais. Questionado se a produção dos novos equipamentos envolvia isenções tributárias, o presidente da Fiat para a América Latina, Antonio Filosa, não deu detalhes, mas admitiu um acordo feito com o governador Romeu Zema envolvendo “simplificação tributária”.
“Nos tivemos um acordo geral com o governador Romeu Zema que permitiu um desenvolvimento estratégico. Nós, que somos bases produtivas, somos quem têm maiores problemas de competitividade com outros países. Estávamos disputando essa fábrica com outras regiões, principalmente asiáticas, onde o custo do trabalho e o custo dos materiais e a engenharia fiscal são um pouco menos burocráticas e mais leves”, afirmou.
Gás
Durante o anúncio da Fiat, Romeu Zema assinou um decreto que regulariza a isenção fiscal de carros que usam o Gás Natural Veicular (GNV). A lei é de dezembro de 2018 e isenta de IPVA carros híbridos, a gás ou elétricos, fabricados no Estado. Presidente da Gasmig, Pedro Magalhães diz que a isenção será dada “para carros novos, produzidos em Minas e que já venham adaptados de fábrica”. A Fiat tem em sua linha de produção o Grand Siena adaptado para usar o GNV. Porém, não há um estoque atual para vendas do modelo.
E mais...
Investimento total
Com a vinda da nova linha de motores da Fiat, o investimento na planta de Betim passa a ser de R$ 8,5 bilhões até 2024. No fim do ano passado, a empresa havia anunciado R$ 8 bilhões para Minas, em um total de R$ 16 bilhões para o Brasil. A empresa projeta a abertura de 8.000 a 9.000 empregos diretos e indiretos no Estado nesse período.
Novos produtos
Betim será responsável por produzir 15 dos 25 novos produtos da Fiat a serem lançados até 2024. A fábrica mineira da Fiat começará a fabricar modelos SUV da marca, que antes eram produzidos na unidade da montadora em Goiana, Pernambuco, que receberá o restante dos investimentos da FCA no Brasil.