Promissor, o mercado de aluguel de automóveis para motoristas de aplicativo tem atraído de pessoas físicas a startups e locadoras já consolidadas. Para se ter uma ideia do universo, segundo o IBGE, Minas Gerais tinha 2,3 milhões de trabalhadores por conta própria no primeiro trimestre deste ano.
O potencial desse filão veio quase de encontro ao empreendedor Alexandre Brito, 27. Há três anos, ele vendeu um de seus empreendimentos e recebeu em troca um veículo financiado. Como não podia vendê-lo, resolveu alugar para um motorista de aplicativo. Pouco tempo depois, recebeu uma carta de crédito do banco e comprou o segundo carro, que alugou no mesmo dia. “Isso me chamou muito a atenção. Comecei a fazer pesquisa de mercado e descobri que vários proprietários de veículos já estavam alugando ‘no informal’, e muitos motoristas negativados não conseguiam alugar nas locadoras convencionais”, explica.
Foi o pontapé para lançar, junto do sócio Caio Henrique Santos, a startup GAV Aluguel. O empreendimento possui atualmente 200 carros, todos rodando em Belo Horizonte – e uma fila de espera de 3.000 motoristas. A startup age como uma imobiliária. Ela gerencia o aluguel do carro do proprietário (garantindo uma renda bruta mensal de R$ 1.710, na média) e oferece automóveis para alugar (entre R$ 420 e 490 por semana), cuidando do contrato com o locatário.
Dono de uma loja de pneus e mecânica geral, Daniel Silveira, 43, também viu a oportunidade aparecer quando um cliente recém-aposentado apareceu na Pneucar, no bairro União, região Nordeste, perguntando se poderia alugar um carro para rodar em aplicativo. “No dia seguinte, fui à concessionária e já aprovei o financiamento de um carro. Nos dias seguintes, fui comprando outros. Tudo sem entrada e com taxas baixíssimas”, conta ele, que reuniu uma frota de 21 automóveis novos.
“Entre os clientes tem muita gente desempregada, gente que está com nome sujo e não consegue financiar, e tem também quem trabalha com horário marcado e quer ter um ganho na renda”, conta ele, que aluga os carros por valores semanais entre R$ 450 e R$ 550.
Com mais de 45 anos de experiência em locação de veículos, a Localiza Hertz é outra que oferece opções para motoristas de aplicativo – entre aproximadamente R$ 300 e R$ 400 por semana. “Aprendemos que é um negócio complementar para o ramo”, diz o diretor da empresa, Rodrigo Bastos.
Previsão. A perspectiva de crescimento nesse mercado de locação já é uma realidade para Alexandre Brito. “A GAV tem um crescimento entre 20% e 40% a cada mês. Só em 2018, crescemos 1.250%. Nossa expectativa é tão boa que vamos começar a expandir para São Paulo neste ano e esperamos fechar 2019 com até 2.000 veículos”, projeta. Daniel Silveira, por sua vez, está esperando a chegada de mais 20 carros que vão dobrar a frota da Pneucar para 41 automóveis.
IBGE. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, o setor de transporte, armazenagem e correio absorveu 214 mil trabalhadores em um ano.
Dividir carro pode ser opção
O motorista de aplicativo Joaquim José Alves teve de devolver o carro após a locadora rastreá-lo e descobrir que ele dividia o automóvel com outro motorista. No entanto, a proibição não é uma regra geral – e, quando é permitido, diminui os gastos dos motoristas com as locadoras.
Na loja de Daniel Silveira, por exemplo, o locatário fica responsável pelo automóvel, que pode rodar 24 horas, caso a condução seja dividida com outros motoristas. “Minha quilometragem é livre. A pessoa é responsável pelo veículo e pode passar para outra dirigir durante a noite”, afirma Silveira.
Na Localiza, o cliente normalmente faz a escolha por uma quilometragem limite, mas também pode dividir o carro, se preferir. “O cliente pode rodar o tempo que ele quiser dentro do pacote de quilometragem”, afirma Rodrigo Bastos, diretor da empresa. A locadora também possui uma forma de pagamento mais fácil para motoristas do Uber, que conseguem abater o valor do aluguel direto das corridas no aplicativo – sem ter que fazer transferências bancárias.
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