MG vai usar inteligência artificial para produzir peças para a indústria

Minas Gerais vai começar a desenvolver uma tecnologia inovadora no mundo, capaz de produzir peças metálicas de grande porte para a indústria, com impressão 3D comandada por inteligência artificial. O acordo para iniciar os estudos será assinado nesta sexta-feira (5) entre a produtora de aço ArcelorMittal, a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e outras empresas parceiras: a Belgo Arames, a DELP Engenharia e a MRS Logística. O investimento será de R$ 12 milhões.

Um dos principais objetivos desta tecnologia é agilizar o reparo de máquinas e equipamentos da indústria. Por exemplo, a produção de alimentos como biscoitos e massas é bastante mecanizada. Quando parte deste sistema não funciona, a empresa pode ter dificuldade em conseguir a peça necessária para o conserto. 

“São peças não convencionais. Por exemplo, a peça de automóvel você vai na concessionária e troca. Mas outras indústrias têm equipamentos com alguns componentes que você não encontra na prateleira. Se há uma parada da máquina e é preciso trocar aquela peça, será necessário entrar em uma sequência de processos industriais que demoram muito. Isso aí é tempo parado do equipamento, é perda para a empresa”, afirma Alexandre Caldeira, gerente geral de Inovação e Açolab da ArcelorMittal Aços Longos LATAM e Mineração Brasil. 

“O grande objetivo da impressão 3D é minimizar este tempo de parada do equipamento. Quando precisar trocar uma peça, você terá o desenho dela, vai imprimi-la e rapidamente colocará o equipamento para funcionar novamente”, justifica.    

Um outro exemplo de uso dessa tecnologia é na indústria naval, segundo Caldeira. 

“A hélice que faz a propulsão do navio tem uma geometria curva, que num processo convencional de produção é complexo de fazer. Será muito mais fácil produzi-la e eventualmente até ousar, conseguir uma geometria ainda melhor para dar uma propulsão mais eficiente para o navio”, explica.     

O moderno processo de impressão 3D será feito com arames e a expectativa é a produção em escala industrial das peças metálicas com geometrias perfeitas. A ArcelorMittal estima que toda essa tecnologia seja desenvolvida em até cinco anos, devido à complexidade da iniciativa. 

Este é um dos 18 projetos tecnológicos do Centro de Inovação ArcelorMittal para a Indústria (CIAMI), um convênio de cooperação tecnológica entre a siderúrgica, a Fiemg e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Esta parceria acaba de completar 4 anos. 

O CIAMI promove o desenvolvimento de projetos de pesquisa e inovação, a aceleração de ações estratégicas para a produtora de aço, o acesso a equipamentos de última geração e o intercâmbio com profissionais qualificados, além de oportunidades de capacitação técnica. 

Para isso, o centro conta com o apoio de diversas universidades, como a UFMG, que indicam estudantes dos cursos de Engenharia para ganharem bolsas trabalhando nesses projetos. O Centro de Inovação e Tecnologia Senai fica no bairro Horto, região Leste de Belo Horizonte.