Minas Gerais deve alcançar um novo recorde na produção de café neste ano, com um volume total de 33,5 milhões de sacas, montante 36,3% superior ao da safra de 2019, de acordo com dados do terceiro levantamento da safra 2020 de café da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O recorde anterior era da safra de 2018, quando foram produzidas 33,4 milhões de sacas. A colheita está em fase final de execução, com previsão de encerramento em outubro.

Além da bienalidade típica da cafeicultura, que consiste na alternância entre uma safra alta e uma safra baixa, o desenvolvimento de tecnologias que aumentam a produtividade e as condições climáticas contribuíram para a alta. Segundo a Conab, mesmo com o início das chuvas um pouco atrasado, a partir de novembro passado as precipitações tiveram boa regularidade e altos níveis, o que atendeu à demanda hídrica da cultura. Já a partir de abril deste ano, o clima passou a ser predominantemente seco, favorecendo a maturação, a colheita e a secagem ideal dos grãos.

"Neste ano, houve essa feliz coincidência: a safra alta, a distribuição de chuvas nas regiões de cafeicultura no Estado extremamente favorável, e também o contínuo crescimento da produtividade, resultado de pesquisa, trabalho de assistência técnica e profissionalização do produtor rural", afirma o assessor especial de cafeicultura da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), Niwton Morais.

Segundo ele, o volume recorde da produção mineira não deve causar impactos significativos na redução do preço do café, uma vez que os estoques mundiais do produto estão baixos. "O ano passado foi o final de um período de cerca de três anos de preços ruins para o café, e isso segurou o café, não colocamos muito café no mercado. A safra mineira e a brasileira, que também foi alta, se diluem um pouco na safra mundial e, provavelmente, não serão capazes de impactar muito fortemente o preço", diz.

De acordo com Morais, o preço do café, atualmente, está razoável. Durante o crise, o valor da saca de café estava em, no máximo, R$ 400 e, hoje, está entre R$ 560 e R$ 570, patamar que deve se manter.

Em Minas, a produção do café arábica é predominante e, neste ano, deve corresponder a 99,1% da safra. O conilon fica com 0,9%. O Sul do Estado (Sul e Centro-Oeste) é a principal região produtora, representando 54,4% do total: serão 18,2 milhões de sacas, um crescimento de 30,3% em relação à safra anterior.

Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Café do Estado de Minas Gerais (Sindicafé), Almir José da Silva Filho, além da produção, a qualidade do café aumentou neste ano, o que contribui para o crescimento do consumo interno.

"Nós tivemos uma pequena mudança com a pandemia. Antes, havia um procedimento padrão do consumidor de café e, agora, como as pessoas ficaram mais em casa, o consumo nas cafeterias caiu, mas, em contrapartida, o consumo no lar cresceu. Vamos crescer de 1% a 3% no consumo doméstico", pontua.

Exportação. Normalmente, Minas Gerais consome pouco mais de 2 milhões de sacas de café por ano e exporta para outros países em torno de 70% a 80% da produção total, segundo Niwton Morais, da Seapa. Entre os produtos exportados pelo Estado, o café só fica atrás do minério.

Produção brasileira também cresce

No Brasil, a produção de café também vai crescer neste ano. Segundo a Conab, o país deve colher 61,6 milhões de sacas beneficiadas, o que representa um aumento de 25% em relação ao ano passado. Será a segunda maior safra brasileira de todos os tempos, atrás apenas da colheita de 2018, quando a produção total chegou a 61,7 milhões.

O destaque da safra é o café arábica, que tem produção estimada em 47,4 milhões de sacas. Já a produção de café conilon enfrentou condições climáticas desfavoráveis no Espírito Santo, durante a fase de floração da cultura, o que contribuiu para a queda de 5,1% na produção nacional, prevista em 14,3 milhões de sacas.

Minas Gerais é o maior Estado produtor de café do país, seguido por Espírito Santo e São Paulo.