Minas Gerais tem R$ 44,6 bilhões de investimentos travados. A soma engloba 28 projetos de infraestrutura, habitação, saneamento, energia e saúde que, se saíssem do papel, gerariam pouco mais de 227 mil empregos diretos até 2025. Após estudo, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) listou as prioridades no documento “Pacto por Minas” e pediu reforço à bancada mineira de senadores e deputados federais para convencer o governo federal da urgência de destravar a economia do Estado.
Entre os projetos que precisam de alavancagem estão as obras da BR–381 e a construção do Rodoanel em Belo Horizonte, por exemplo. “Escolhemos projetos que estão prontos e gerariam retorno de empregos imediatos. No caso do anel, em vez de construir, o que custaria bilhões, poderíamos liberar pelo menos a construção das pontes, o que custaria entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões e reduziria o tráfego em 40%”, destaca o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe.
Segundo ele, o Estado tem sofrido um forte impacto econômico, principalmente após o desastre da Vale em Brumadinho, que desencadeou a paralisação de diversas minas. Só para 2019, a Fiemg estima que a cadeia da mineração vai deixar de faturar R$ 25 bilhões. “Esses investimentos (do ‘Pacto por Minas’) não conseguirão neutralizar efeitos negativos da paralisação da mineração. Mas esse pacote deve atenuar as perdas em pelo menos 20%. Temos que retomar o maior número possível de projetos paralisados com segurança. Enquanto isso não ocorre, essa é uma boa medida paliativa que deixará para o Estado um legado de infraestrutura”, diz.
O montante de R$ 44,6 bilhões calculados pela Fiemg corresponde a várias obras que foram paralisadas ou nem chegaram a começar. Segundo Roscoe, os projetos estão prontos, e a maioria, cerca de R$ 24 bilhões, são recursos privados. “Dos R$ 20 bilhões públicos, a maior parte nem precisa de dinheiro do caixa do Tesouro, pois já existem rubricas para isso. O que precisa é priorizar as concessões, os licenciamentos”, destaca Roscoe.
Segundo o senador Antonio Anastasia (PSDB), a situação delicada de Minas Gerais, com as perdas da mineração, credencia o Estado como prioridade. “Há dois anos, o Rio de Janeiro teve um sério problema de segurança e houve investimentos de centenas de milhares para o aprimoramento. Nós temos hoje um problema da mais alta gravidade. Temos o direito a um tratamento diferenciado, porque durante anos Minas lastreou o saldo da balança comercial brasileira, justamente por causa da mineração”, analisa Anastasia.
Previdência vai entrar na negociação
Os empresários e políticos mineiros vão aproveitar o momento de intensa discussão da reforma da Previdência, quando o governo está em busca de votos, para negociar com a União. Segundo o senador Antonio Anastasia (PSDB), os projetos mineiros são relevantes para geração de empregos e vão de encontro ao que o governo precisa. “A reforma da Previdência é um pressuposto para a retomada econômica. Evidentemente, essa discussão pode ser colocada, não como barganha, mas para demonstrar ao governo federal que, para que essa retomada ocorra, Minas Gerais precisa de um olhar diferenciado”, analisa Anastasia.
“A pressão política é um instrumento da democracia. Se for usada para defender os interesses coletivos de um Estado, e não os individuais, não vejo nenhum mal”, afirma o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe.
Veja alguns exemplos:
BR–381
Solicitar mais recursos para concluir a duplicação.
Rodoanel de BH
Atualizar os estudos e solicitar a liberação do edital para concessão.
Aeroporto de Ipatinga
Estudos para concessão.
Habitação
Liberar recursos para habitação de baixa renda.
Estradas estaduais
Expansão do metrô de BH