Confins

Minas terá o primeiro aeroporto industrial do Brasil

Após duas décadas de planejamento, modelo com isenção tributária para atrair indústrias sai no papel em plena pandemia; expectativa é atrair R$ 3,5 bilhões de investimentos em cinco anos

Por Queila Ariadne
Publicado em 21 de maio de 2020 | 18:24
 
 
 
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Há 20 anos sendo desenhado em Minas Gerais, o primeiro aeroporto industrial do Brasil vai sair do papel em plena pandemia do coronavírus. A ideia é juntar facilidades logísticas e isenções tributárias para incentivar indústrias a se instalarem em uma área de 750 metros quadrados no complexo do aeroporto internacional de Belo Horizonte, chamado de Confins. A primeira empresa deve começar suas operações em dois meses.

 O projeto de transformar Confins no primeiro entreposto aduaneiro do país, onde empresas terão isenção de impostos federais e estaduais para produzir mercadorias destinadas à exportação, começou a ser desenhado pelo governo do Estado em 2000. Em 2002, a Instrução Normativa 241, do governo federal, regulamentou o conceito.

Pelo regime, quando a empresa importar matéria-prima para fabricar algum produto de exportação, ela não vai pagar o imposto da importação, nem IPI e terá a suspensão do Pis/Cofins. Já no âmbito estatual, a indústria terá isenção de ICMS para mercadorias exportadas.

A Clamper, que produz soluções para proteção de equipamentos eletroeletrônicos contra raios e descargas elétricas, já participava do projeto piloto há cerca de dez anos. Agora, com todas as licenças e liberações da Receita Federal, a empresa será a primeira a transferir suas operações de Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte, para o aeroporto industrial, com previsão de já iniciar as operações em julho deste ano.

De acordo com Marcos Brandão, diretor presidente da concessionária BH Airport, que faz a gestão de Confins, já existem negociações com pelo menos dez empresas interessadas nas vantagens aduaneiras do aeroporto industrial, todas nas áreas de equipamentos médicos e tecnologia.

“Esses dez projetos, ainda em estudo, somam R$ 100 milhões de investimentos e têm capacidade de gerar pelo menos 1.300 empregos diretos. Mas, dentro de cinco anos, estimamos atrair R$ 3,5 bilhões de investimentos com potencial para gerar entre 20 mil e 25 mil postos de trabalho diretos”, afirma Brandão.

De acordo com o presidente da BH Airport, a partir do momento da assinatura do contrato, cada empresa leva cerca de um ano para dar início às operações. “É um tempo para fazer os investimentos nas instalações. É muito importante já começarmos agora, pois nós acreditamos que a retomada da economia está próxima. Já havia várias empresas no mundo estudando locais para investir. E o nosso aeroporto industrial reúne as vantagens logísticas e fiscais para atrair investimentos para o Estado”, destaca Brandão.

Para o vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant, a ativação do aeroporto industrial e o seu poder de atrair investimentos é essencial nesse momento em que a economia sofre os efeitos do coronavírus. “É um sinal de que há vida após a pandemia. Isso abre caminho para a diversificação da economia de Minas, potencializando a capacidade que o Estado tem de atrair novas empresas, principalmente de alto conteúdo tecnológico”, destaca Brant.

 

Coronavírus fez movimento de Confins cair 90%

 O aeroporto industrial chega em um momento crucial para Confins, que está trabalhando com apenas 10% da sua capacidade de voos e passageiros. Com a pandemia, o movimento caiu 90%.  “Em períodos normais, nós temos cerca de 330 voos por dia, com 35 mil passageiros. Atualmente, estamos com uma média de 30 voos diários, com 3.500 passageiros”, afirma o diretor presidente da BH Airport, Marcos Brandão.

Todos os voos mantidos são domésticos. Desde o dia 23 de março, o terminal está com as operações internacionais suspensas. Antes, os destinos para Argentina, Portugal, Panamá e Estados Unidos respondiam por 4% do total de passageiros/dia.

“Nosso posicionamento é o de olhar sempre para bons projetos, com boas perspectivas. Quando a pandemia começou, decidimos manter todos os nossos colaboradores, não demitimos ninguém. E é essa a mensagem que temos levado, de que precisamos nos readequar, pois o mundo vai sair disso”, afirma Brandão.

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