Atrasados

Retardatários devem ampliar o lucro do comércio neste Natal

Lojistas de BH acreditam que 30% das vendas para a data serão concentradas de hoje a terça. Pagamentos de 13º e de outros benefícios devem movimentar R$ 17,8 bi em Minas

Por Lucas Negrisoli
Publicado em 21 de dezembro de 2019 | 03:00
 
 
 
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A quatro dias do Natal mais otimista para o comércio desde 2014, 13,2 milhões de brasileiros devem ir às ruas para comprar presentes na última hora.

O contingente corresponde a 10% do total de consumidores que pretendem dar lembranças a amigos e familiares na data, segundo pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

O número de atrasados, ancorado no pagamento da segundo parcela do 13º salário (feito nessa sexta-feira), na liberação do FGTS e na falta de tempo do dia a dia, promete aquecer o comércio de hoje a terça-feira. Em Belo Horizonte, o setor acredita que ao menos 30% das vendas no fim de ano devem ocorrer nos próximos dias. 

Na última sexta, nas ruas do centro da capital, o movimento foi maior do que em uma sexta-feira comum. Muitos consumidores eram vistos saindo de lojas com sacolas, mas nada ainda que fizesse crescer os olhos do empresariado. “A gente esperava um pouco mais (de movimento), mas a última hora pode salvar”, afirma o presidente da Associação de Lojistas do Hipercentro, Flávio Froes.

Segundo ele, como o feriado cairá em uma quarta-feira, as pessoas estão deixando para mais tarde a decisão de comprar os presentes. Além disso, ele cita o pagamento da segunda parcela do 13º salário, que ocorreu ontem, como razão para a esperança do comércio. Só em Minas, devem ser injetados R$ 17,89 bilhões no mercado por conta do pagamento dos benefícios no fim do ano, segundo dados da Fecomércio-MG. O valor é 1,67% superior ao que foi observado em 2018. Em Belo Horizonte, o 13º deve movimentar cerca de R$ 4,432 bilhões na economia.

Andrezza Mendes, dona da loja Karrapixo Bolsas, que funciona na rua Rio de Janeiro, diz que os próximos dias devem ser mais aquecidos. “As pessoas estão buscando bastante promoção, mas a expectativa era de maior movimento. Não chegamos ao esperado ainda, mas vamos correndo atrás, e acredito que teremos resultados melhores. Em relação ao ano passado, com certeza está melhor, entre 20% e 30% (de crescimento)”, explica. 

Fora do centro também há expectativa de crescimento, afirma Juliana Baeta, proprietária da loja Ideiaz, no Minas Shopping, no bairro União, região Nordeste de BH. “Já está bastante cheio, mas nos dias 23 e 24 teremos mais vendas. Amanhã (hoje) deve lotar”, acredita. Segundo ela, a expectativa é um crescimento de 5% no faturamento da loja nos próximos quatro dias. 

Gasto maior

O movimento no comércio ainda não atingiu os níveis esperados pelos comerciantes em BH, mas, por outro lado, alguns consumidores estão mais dispostos a gastar dinheiro com presentes neste ano. Um deles é o funcionário Célio Nogueira da Silva, que comprou cerca de R$ 700 em lembranças para familiares, ante R$ 400 que gastou no ano passado.

Segundo ele, a principal razão é o número de pessoas que vai presentear neste ano, que somam oito, entre a namorada, as filhas e a mãe. “Estou aproveitando o momento para não deixar para a última hora. Tem que pechinchar, olhar em três, quatro lojas, a diferença de preço está muito grande pelos mesmos produtos”, aconselha. 

 

Consumidor espera promoções

A maior parte dos atrasados neste Natal está à espera de promoções, com 48% dos entrevistados argumentando que postergar as compras ajuda a economizar, diz pesquisa da CNDL. Além disso, 20% alegam que aguardavam o pagamento da segunda parcela do 13º, e 12% apontam falta de tempo. Há ainda um grupo de 3% que vão deixar para janeiro 2020 por conta das liquidações de início de ano no varejo.

Porém, a pesquisa elenca que a maior parte dos consumidores se programou para garantir presentes antecipadamente. Em novembro, quando ocorreu a Black Friday, 30% dos consumidores fizeram as compras para o fim de ano e, até a primeira quinzena de dezembro, 41%. 

Ímpeto

Neste ano, o comércio deve observar os melhores níveis de vendas desde 2014, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador de ímpeto de compras em 2019, medido regularmente pela entidade, alcançou o maior patamar em cinco anos, chegando a 65,5 pontos, ante 61,1 do ano passado. Além disso, a média de preço dos presentes avançou quase 21% do ano passado para cá, indo de R$ 86 em 2018 para R$ 104 neste ano. 

O índice é puxado pela intenção de compra das famílias mais ricas, com poder aquisitivo acima de R$ 9.600, das quais 12% pretendem gastar mais neste ano do que no ano passado. Por outro lado, a maior parte das famílias mais pobres não deve desembolsar valores muito maiores do que os gastos nos últimos anos. São 56,9% de pessoas com menor poder aquisitivo na faixa de até R$ 2.100 de renda familiar, segundo a FGV, afirmando que não devem gastar mais do que no ano passado. 

Viviane Seda, coordenadora da pesquisa da FGV, acredita que há avanço, mas vê os resultados com cautela. “Ainda estamos abaixo da média. É um bom prognóstico que foi motivado pela liberação do FGTS, cujo efeito tende a ser passageiro. Os consumidores, principalmente os de menor renda, ainda estão com nível de endividamento mais alto e cautelosos com relação aos próximos meses”, diz.

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