Rio de Janeiro e São Paulo. O trabalho por conta própria alcançou um contingente recorde de 24,033 milhões de brasileiros no trimestre encerrado em maio, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em um trimestre, foram 322 mil trabalhadores a mais nessa condição. Quando a comparação é interanual, ou seja, com maio de 2018, o aumento é muito mais acentuado: 1,17 milhão passaram a trabalhar por conta própria. A alta é de 5,1%.
O emprego informal também cresceu: o trabalho sem carteira assinada no setor privado chegou a um total de 11,384 milhões. Foram 372 mil a mais em um ano.
Já a taxa de desemprego se manteve estável no trimestre encerrado em maio deste ano, na comparação com o trimestre anterior até fevereiro. O país tinha 12,984 milhões de pessoas em busca de emprego no trimestre encerrado em maio. No entanto, houve melhora em relação ao mesmo período do ano anterior: há menos 206 mil desempregados do que em maio de 2018, o equivalente a um recuo de 1,6%. Como consequência, a taxa de desemprego passou de 12,7% no trimestre até maio de 2018 para 12,3% agora.
Para especialistas, a falta de dinamismo da economia, a baixa confiança dos empresários e o ritmo lento dos investimentos dificulta a melhora no emprego. “Esses dados apontam que as condições da demanda doméstica irão seguir fragilizadas e, assim, o PIB não deve ter prognóstico melhor. Em alguma medida, o Caged já apontava na mesma direção e, assim, se confirma o péssimo momento do mercado de trabalho”, diz André Perfeito, economista chefe da Necton Investimentos.
Na quinta-feira, o Ministério da Economia divulgou os dados do Caged referentes a maio. O país criou 32.140 empregos com carteira assinada, o menor nível para o mês desde 2016.
A subutilização da força de trabalho bateu novo recorde, segundo o IBGE, e passou a compreender 28,5 milhões de pessoas (25%). O IBGE considera subocupado quem trabalhou menos de 40 horas na semana da pesquisa e estava disponível para trabalhar por mais tempo. “É como se o mercado de trabalho não estivesse usando todo a capacidade que o trabalhador pode dar à economia”, explica Adriana Berenguy, analista de trabalho do IBGE.
A população desalentada – pessoas que não procuram mais emprego porque acreditam que não conseguirão uma vaga – também é recorde. São 4,9 milhões de brasileiros nessa situação. O percentual da força de trabalho em desalento é de 4,4%.
Renda menor
“Para compreender o mercado de trabalho, é preciso olhar para a economia como um todo. A retomada do crescimento está lenta. Sendo assim, o mercado de trabalho tem dificuldade para absorver os trabalhadores”, destaca Thiago Xavier, economista da consultoria Tendências. “As vagas criadas são de baixa qualidade e com salários mais baixos”, completa.
De fato, a renda média recuou. Em maio, estava em R$ 2,.289; no trimestre anterior, R$ 2.323. Houve redução de 1,5%. “Além da grande quantidade de brasileiros na informalidade, os aumentos no salário mínimo estão menores do que em anos anteriores. Estes fatores contribuem para entender o que está por trás desse recuo no rendimento”, ressalta Xavier.