O valor médio de mensalidades de berçários e escolas infantis privadas em Belo Horizonte se igualou pela primeira vez ao salário mínimo.
O custo médio para manter crianças nas instituições de ensino em 2020 varia na capital de R$ 1.034 a R$ 1.627, enquanto a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) definiu, em outubro, o valor de R$ 1.039 para o salário mínimo no ano que vem.
A mensalidade mais barata em BH é de R$ 450, enquanto a mais cara chega a R$ 3.050. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (18) pelo site Mercado Mineiro, que pesquisou valores em 63 instituições na cidade entre os dias 12 e 14 de novembro.
As mensalidades para 2020 chegam a ser 9% maiores do que os valores cobrados neste ano.
Para o turno da tarde, a média dos preços subiu de R$ 946,89 em 2019 para R$ 1.034,03, e a mensalidade para crianças que estudam pela manhã avançou de R$ 993,19 neste ano para R$ 1.082,21 em 2020.
Mais altos, valores mensais para estudo em turno integral passaram de R$ 1.538,38 a R$ 1.627,68 no mesmo período. Além disso, o custo médio para matrícula será 5% maior em 2020 em relação ao que foi neste ano, indo de R$ 603,46 a R$ 633,62.
Levando em consideração apenas o valor da matrícula e mensalidade, o custo de se manter uma criança em uma dessas instituições por um ano ultrapassa em quase R$ 7.000 o rendimento anual de famílias que vivem com um salário mínimo.
“Notamos que muitas pessoas têm trocado os filhos pequenos de escolas em função do orçamento, o que traz um prejuízo emocional muito grande para as famílias. Não conseguir prover educação de qualidade para as crianças dói para qualquer pai, é quase como não conseguir colocar comida em casa”, analisa o fundador do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu.
A trabalhadora autônoma Margareth Marques tem uma filha de 4 anos, que está em uma instituição infantil desde os 7 meses.
De acordo com ela, os valores de mensalidade e matrícula aumentam, pelo menos, R$ 100 por ano e representam, hoje, quase 15% do orçamento da família.
“Não vejo melhoria no serviço. É para o usufruto da escola mesmo, nunca em benefício da criança”, lamenta.
Inadimplência é justificativa para aumento
A maior justificativa de instituições de ensino infantil e berçários para o aumento de até 9% nas mensalidades é a inadimplência de pais de alunos, segundo o criador do site mercado mineiro, Feliciano Abreu.
Contudo, o avanço nos preços, acima da taxa de inflação, não ocorreu por melhoria dos serviços e prejudica, inclusive, quem paga as mensalidades em dia, afirma ele.
“É justo? É necessária uma análise caso a caso, mas em geral o serviço continua parecido, se não igual”, argumenta Abreu.