Elodie Bouny e Vitor Santana têm o violão como instrumento de uma vida inteira dedicada à música. Apesar de dividirem a mesma paixão pelas cordas, há uma inegável distância motivada pela geografia, pela cultura e, fundamentalmente, pelo estilo de cada um. Diferenças que serviram como um potente ímã para que a chave popular do artista mineiro, criador do duo Coladera, encontrasse a formação mais erudita dessa venezuelana de nascimento (de pais bolivianos e franceses) residente em Portugal. É o que veremos no palco do Teatro de Bolso Sesiminas na noite desta quarta-feira (3).
"É um diálogo entre dois mundos, que são diferentes pela origem cultural e musical de cada um. Eu sou do violão clássico e sou francesa, com influências latino-americanas muito fortes. Eu adoro a música daqui, mas de fato não toco música popular brasileira, só recebendo suas influências. Desta forma, eu e o Vitor tivemos que achar um ponto de encontro entre as duas estéticas, que apareceu de maneira muito natural, mais natural até do que a gente poderia imaginar", afirma Elodie, num português perfeito, fruto de um casamento de 16 anos com o também violonista gaúcho Yamandu Costa.
Ela explica que a parceria começou "aqui" (na casa de Santana, onde está hospedada), há alguns dias, o que resultará em pelo menos seis obras que serão apresentadas, em primeira mão, para o público belo-horizontino. Os dois se conheceram em Lisboa, no ano passado, durante uma excursão do Coladera na Europa. "Mostramos os trabalhos um para o outro e gostamos muito. Como eu já vinha para BH para tocar com a orquestra de Inhotim (em 25 de junho, na Fundação de Educação Artística), o Vitor organizou esse concerto", explica a violonista.
A semana anterior ao show foi de grande imersão para que pudessem criar uma parceria musical. "Do zero, na verdade. E com perfis bem diferentes realmente. Começamos a tocar, a mostrar as ideias e a imaginar a construção das canções e das músicas. Foi acontecendo de maneira tão orgânica que se tornou algo prazeroso. Eu não senti esforço em nenhum momento. Claro, houve o esforço da concentração extrema e da intensidade que faz parte desse tipo de imersão. Mas não houve nenhuma forçação de barra. Tudo aconteceu de forma muito natural", observa.
Prova disso é que, no lugar das quatro músicas previstas anteriormente, eles compuseram seis. "Basicamente uma por dia. Ainda tivemos a oportunidade maravilhosa de trazer a Brisa Marques para letrar", destaca Elodie, que também irá mostrar, no show, duas músicas próprias, reunidas em seu último CD, "Luares" (2023). Ainda é muito cedo para falar num disco com a dupla, mas ela não deixa de elogiar o "fantástico" mundo brasileiro. "O Brasil é um mundo à parte. Lugar único e muito rico. No Brasil, eu cresci musicalmente. Sinto que aqui sou muito bem acolhida e que as pessoas gostam do meu trabalho".
Serviço
O que. Show Elodie Bouny e Vitor Santana
Quando. Nesta quarta-feira (3), às 20h
Onde. Teatro de Bolso Sesiminas (Rua Padre Marinho 60 – Santa Efigênia)
Quanto. R$ 20, nas bilheterias do teatro e no site da Sympla