Música

Capa de disco que venceu APCA flagrou Tetê Espíndola nua em banho de cachoeira

Cantora reflete sobre o envelhecimento e anuncia lançamento de álbum com trilha vocal para companhia de balé de Campo Grande

Por Raphael Vidigal Aroeira
Publicado em 12 de fevereiro de 2024 | 06:30
 
 
 
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Desde a mais tenra infância, Tetê Espíndola se encantou pelo som dos pássaros. “Quero deixar bem claro que não imito passarinho, quem sou eu. Para imitar passarinho tem que assobiar muito bem, o que busco é a emissão”, pondera ela, que, no CD “Ouvir”, de 1990, realizou um trabalho de pesquisa com o som de espécies nativas da fauna tupiniquim, como quero-quero, tinguaçu e garrincha. 

Na capa do álbum “Pássaros na Garganta”, de 1982, ela aparece nua em uma cachoeira. As “lindas imagens” foram captadas em Rio Verde, no Mato  Grosso do Sul,  pelo fotógrafo Luiz Fernando, que mantinha um relacionamento não-monogâmico com as cantoras Luhli e Lucina.

“Eu era uma menina de 27, 28 anos, no auge da liberdade. Tiramos as fotos na maior tranquilidade. Hoje em dia, a gente pensa nesses parâmetros, mas, em 1980, a gente simplesmente era, não tinha que se preocupar em ser. Tomava banho nua no rio, na cachoeira, e ninguém enchia o saco, não tinha essa preocupação de ser proibido, se alguém ia ver. Era uma época muito livre”. Com o disco, Tetê arrebatou o troféu da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). 

Cantora reflete sobre envelhecimento e prepara trilha para balé

Prestes a entrar para o clube das septuagenárias, Tetê Espíndola não foge da raia e pega o bicho pelo rabo, encarando-se no espelho sem ter medo dos “cabelos prateados” que ela assumiu há alguns anos. “Para qualquer mulher, e, ainda mais para a gente que é artista e lida com a imagem, o envelhecimento é chocante, porque é uma máquina que vai pifando aqui e ali, não adianta recauchutar, o corpo começa a sentir muitas dores. Ao mesmo tempo, a gente fica mais bruxa, mais sábia, começa a falar ‘não’ para o esquema e a aproveitar mais a vida, porque é agora, é hoje”, avalia. 

Convivendo com uma epicondilite, irritação do músculo do cotovelo muito comum em tenistas, que dificulta sua interação com a craviola, Tetê tem se medicado enquanto se dedica a montar uma intensa agenda de shows, cujo cronograma deve ser anunciado depois do Carnaval. Produzida por Zé Godoy, a trilha feita com o marido Arnaldo Black para uma companhia de balé de Campo Grande completa as novidades que ela guarda em seu cofre.

“Ficou muito forte, é uma trilha vocal, sem letra, que lembra muito a minha pesquisa para o disco ‘Ouvir’”, compara. O lançamento deve ficar para o segundo semestre. Afinal de contas, por hora, “já tem bastante coisa pra enlouquecer minha cabeça”, gargalha. “Eu sou a mesma, só que agora estou velha”, arremata Tetê. 

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