Milhem Cortaz decidiu sair de cena durante parte do dia para dar protagonismo a um velho conhecido dos brasileiros: o pão. O ator transformou a garagem de sua casa em uma padaria, onde fabrica com as próprias mãos diversos tipos da iguaria para atender as encomendas que recebe.

Em entrevista à revista Casa Vogue, o artista contou que começou a produzir as delícias durante a pandemia e esse novo passo é a realização de um sonho.

"Venho de uma família de comerciantes, e um dos meus grandes sonhos na vida era ter uma casinha no campo e uma vendinha. A minha companheira há 23 anos, a atriz e jornalista Ziza Brisola, falou: 'Abre uma padaria, seu pão é muito bom'. Pela primeira vez em 50 anos, mesmo que forçado, eu tive tempo livre, mas não fiquei parado. Peguei para mim isso que ela disse e me dediquei", lembrou o famoso.

Ele contava que as primeiras fornadas que fez dividiu entre familiares, amigos e vizinhos e que fazia a distribuição dos pães de forma inusitada: "Durante os primeiros dois anos eu fiz pão todo dia e doava. Saía com o carrinho de feira pelo bairro ou enfiava um monte de pão no carro e ia doando pelos lugares que passava. As empresas prestaram atenção e começaram a me mandar um monte de material. Acabei tendo uma padaria pronta, coisa que muitos padeiros não têm".

Posteriormente, a empreitada tornou-se algo profissional e hoje Milhem fatura com o negócio, que recebe encomendas de restaurantes, mas também atende ao público, que desde o início de junho pode fazer pedidos, mas apenas de segunda a quarta-feira.

"Por enquanto estamos indo bem devagarinho pois faço sozinho, não tenho funcionários. A Ziza cuida da parte comercial, toda a administração dos pedidos, e a criação dos pães é comigo. Não é nada fácil para os dois, mas a gente está muito feliz", declarou o Wando da série Os Outros, do Globoplay.

Engana-se quem pensa que Milhem pretende largar a carreira artística. Por enquanto, o ator se divide entre o palco e a padaria, que para ele também é uma arte.

"Fazer pão me cura tanto quanto o teatro, tem um paralelo muito forte entre os dois. A solidão do camarim, esse momento de concentração de você por você, de auto-observação... O que me atrai muito também na panificação é esse lugar da arte e lidar com tempo e o improviso das coisas, que nunca é igual. Está muito ligado à cura. O teatro é um lugar que me cura bastante, e a panificação também", comentou.

Milhem Cortaz fez questão de deixar claro ainda que as doações de pães continuam e chegam até as pessoas que mais precisam.

"Doo para quem está em situação de rua ou para quem trabalha na rua, como motoboys, porteiros, lixeiros. Essas são as minhas prioridades, mas jamais vou deixar de dar para qualquer pessoa que me pedir um pão. Um dia vou ter um galpão chamado ‘Pão bom para todo mundo’ e distribuir pão por São Paulo. Tenho que aproveitar toda essa coisa de eu ser uma pessoa pública e fazer algo para a classe que precisa. Afinal de contas eu também fiz a minha vida inteira contando histórias das pessoas que vivem à margem. Nada mais justo do que eu, agora, devolver para eles tudo aquilo que se que eles me deram, emprestando a alma e as histórias deles".