Feminicídio

Quem foi Ângela Diniz, mineira que inspirou podcast, e vai virar filme e série?

Socialite que foi assassinada pelo então companheiro Doca Street vai ser interpretada no cinema por Isis Valverde e no streaming por Marjorie Estiano

Por Ana Clara Brant
Publicado em 21 de setembro de 2022 | 11:30
 
 
 

A tragédia envolvendo a socialite mineira Ângela Diniz (1944-1976) virou um podcast de sucesso lançado em 2020 pela Rádio Novelo, e agora vai virar um filme e uma série. A atriz mineira Isis Valverde vai interpretar a personagem no longa-metragem do diretor Hugo Prata (o mesmo que dirigiu a cinebiografia 'Elis') . Em uma postagem recente nas redes socias, Isis disse que já está mergulhada na personagem e impressionada com a trajetória daquela que ficou conhecida como a "Pantera de Minas".

Nesta quarta-feira (21), a colunista Patrícia Kogut, de O Globo, noticiou que a história de Ângela Diniz também vai para o streaming. Marjorie Estiano é quem vai intepretar a mineira numa série dirigida por Andrucha Waddington.

Ângela Diniz nasceu em Curvelo, região Central de Minas, e era filha de Newton Viana Diniz e Maria do Espírito Santo Fernandes Diniz. Conhecida por sua beleza, charme, coragem e inteligência, ela se casou aos 17 anos com o engenheiro Milton Villas Boas, 31, de uma família tradicional de Minas, Com ele, Ângela teve três filhos. O relacionamento durou apenas 9 anos e, quando terminou, o casal fez um acordo judicial de desquite, já que o divórcio não era permitido à época. No acordo, Ângela Diniz recebeu uma pensão mensal e uma mansão em Belo Horizonte, porém, a guarda dos três filhos ficou com Milton.

Já separada, ela começou a se relacionar com o empresário paulista  Raul Fernando do Amaral Street, conhecido como "Doca Street", que, segundo muitos dos que conviviam com o casal, era extremamente ciumento. Os dois foram passar o Réveillon de 76/77 em Búzios. No dia 30 de dezembro de 1976, Ângela Diniz foi assassinada com quatro tiros por Doca numa casa na Praia dos Ossos, no balneário fluminense. Apesar de ser réu confesso, Doca acabou se tornando vítima e alegou crime contra a honra. O assassinato de Ângela Diniz foi um dos primeiros casos famosos de feminicídio no Brasil (assassinato da vítima motivado pelo fato de ela ser mulher, crime só tipificado no país em 2015).

Doca Street só foi julgado três anos depois, em 1979, e condenado por excesso culposo de legítima defesa – isso supondo que Ângela teria agredido a honra masculina dele e que as quatro balas que a mataram seriam uma espécie de legítima defesa. Doca recebeu uma pena de 18 meses pelo crime e seis meses por ter fugido, pena suspensa porque ele já havia cumprido sete meses na prisão antes do julgamento.

No entanto, o resultado acabou sendo anulado como sendo manifestamente contrário à prova dos autos. Doca Street foi levado a julgamento novamente em novembro de 1981 e condenado a uma pena de 15 anos. O empresário paulista morreu em dezembro de 2020, aos 85 anos - quando já havia sido lançado o podcast Praia dos Ossos - de ataque cardíaco em São Paulo. Ele deixou três filhos e netos. A tragédia envolvendo Ângela Diniz é considerada um marco na história do feminismo no Brasil.

 

 

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