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Foto: (Mais de 20 filmes mostram quem são os povos indígenas Maxakali / Reprodução)

Isael Maxakali encontrou na sétima arte o caminho para realizar seu maior sonho: mostrar ao mundo a cultura e a língua Maxakali. “Queria clarear o povo Maxakali, mostrar quem somos. Sempre estivemos na escuridão", diz ele

Mais de 20 filmes mostram quem são os povos indígenas Maxakali

Cineasta premiado, Isael Maxakali realizou o sonho de divulgar a cultura e as tradições de seu povo para o mundo, por meio do cinema

Por Maria Irenilda Publicado em 18 de abril de 2023 | 09h00

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Luz, câmera e a história ancestral de um povo para ser contada – e preservada. Com mais de 20 filmes produzidos, o cineasta Isael Maxakali, 46, encontrou na sétima arte o caminho para realizar seu maior sonho: mostrar ao mundo a cultura e a língua Maxakali. “Queria clarear o povo Maxakali, mostrar quem somos. Sempre estivemos debaixo da coberta, na escuridão”, conta o indígena. 

 

A empreitada não foi fácil. Pegou uma câmera, pela primeira vez, no início dos anos 2000, na Aldeia Água Boa, em Santa Helena de Minas, no Vale do Mucuri. Os primeiros vídeos saíram com enquadramentos tortos e imagens tremidas. Deixou a aldeia e foi para Belo Horizonte fazer oficinas de vídeo para aprimorar a técnica. Uma delas foi ministrada pelo cineasta indígena Divino Tserewahú no festival forumdoc.bh, em 2004.

 

“No começo foi difícil. Tinha medo de estragar a câmera, e a tecnologia era novidade”, lembra Isael em entrevista a O TEMPO, na Aldeia Escola Floresta, em Teófilo Otoni. Ele e mais 36 famílias se mudaram para lá depois de uma ruptura na Aldeia Verde, em Ladainha, em setembro de 2021. 

 

A primeira produção como cineasta veio em 2007. “Meu primeiro filme foi ‘Fim de resguardo’. É sobre resguardo de casal indígena.Quando nasce a criança, as mulheres não podem comer carne, e os maridos, também não. Não podem coçar com a unha. Contei um pouco da cultura Maxakali”, lembra.

 

Premiações

Nos anos seguintes, o indígena intensificou as produções, ao lado da mulher e também cineasta, Sueli Maxakali. Entre longas e curtas-metragens, animações e desenhos, alguns títulos receberam especial atenção da crítica e do público. Um deles é “Konãgxeka: O Dilúvio Maxakali”, um curta exibido em festivais nacionais e internacionais. Outra obra de destaque é “Grin”, dirigido por Isael e pelo cineasta, roteirista e diretor Roney Freitas – exibido e premiado na 21ª Bienal Sesc_Videobrasil.

 

O trabalho como cineasta é também uma forma que o ativista indígena encontrou para conscientizar o público sobre a importância da preservação da diversidade cultural e da proteção dos direitos dos povos indígenas.

 

Em 2020, Isael Maxakali venceu o prêmio Pipa Online – um dos mais importantes de artes visuais do país. “Com o meu trabalho, eu cresço e fortaleço os Tikmū’ūn - Maxakali na língua deles. Se eu fico conhecido, eles ficam também. Se eu ganho um prêmio, eles ganham também!”, escreveu em sua bio, na página do prêmio Pipa. Em 2020, Isael ganhou o mundo. Foi premiado no Festival Sheffield, na Inglaterra, com “Nũhũ yãg mũ yõg hãm: Essa Terra É Nossa!” – em parceria com os cineastas Carolina Canguçu e Roberto Romero. O documentário foi exibido em festivais de cinema em Portugal e no Canadá. No Brasil, venceu a 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes.

 

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