Dá para se sentir em casa no novo restaurante da chef Mariana Gontijo, O Tacho, inaugurado na última semana em BH. E não é por acaso: o imóvel onde o estabelecimento foi montado - daqueles típicos de bairros tradicionais de Belo Horizonte, como o Carlos Prates - também virou residência da cozinheira. "Há oito anos passo aqui na porta. Via a placa de aluguel e queria vir pra cá", revela ela, que já era moradora da região. "Quando me formei na faculdade de gastronomia, era uma pessoa 'sem lenço, sem documento, sem parentes importantes e vinda do interior (no caso, a cidade de Moema)'", rememora, ao justificar a escolha pelo bairro de Lourdes para abrir seu primeiro negócio, o Roça Grande.
N' O Tacho, as mesas do restaurante, portanto, ocupam cômodos, como a biblioteca, a copa e a sala, no andar debaixo, além de uma ampla sala e uma varanda, no piso superior. Na decoração, itens garimpados das tradicionais cozinhas domésticas de Minas Gerais. A compoteira, em uma das estantes, por exemplo, era da bisavó de Mariana, ela conta orgulhosa.
Esse cuidado nos detalhes se justifica porque se, por um lado, a experiência e o reconhecimento da chef tornaram possível a escolha por um bairro fora do circuito gastronômico da capital, por outro, ela segue em defesa da cultura alimentar mineira.
Cardápio
Diferentemente do Roça Grande, que traz prato feito mais opção por dia, o menu do Tacho vem com opções à la carte, sendo sete entradas, sete de pratos e quatro sobremesas. Nomeado como “Caminhos do Cerrado”, esse primeiro cardápio conta a história dos primeiros caminhos da chef pelo Cerrado Mineiro e faz uma ligação entre Belo Horizonte, sua cidade natal e os demais povos do Cerrado no Brasil.
É possível pedir, de entrada, o Tripa e Miúdos , tripa suína, patê de miúdos de porco caipira, salsa de manga, composta de casca de jabuticaba, gabiroba e molhos (R$ 36). Outra opção é a Quitanda, rosca caseira tostada na manteiga, coalhada seca de leite Jersey, melado de cana, azeite mineiro e pimenta do povo Kisêdjê (R$ 28). Como pratos principais, serve, por exemplo, o Angola, galinhada com arroz de pilão de Januária e galinha d'angola, conserva de açafrão da terra, batata baroa palha, salada de rúcula selvagem e molho de laranja (R$ 54) e o o Refogado, canjica branca com leite de coco, refogado de frango caipira, baru e trevinhos azedos (R$ 58). De sobremesa, há pavlova, sorvete de baunilha do cerrado, calda de baunilha e ananás e pitayas de Moema (R$ 28) e uma opção que leva doces de ovos, como quindim e ambrosia (R$ 26).
Todos os produtos utilizados são locais e contam com pelo menos um ingrediente nativo do Cerrado ou produzido por algum de seus povos tradicionais: sertanejos, quilombolas, cooperativas, agricultores e agricultoras familiares.
Para beber, há cervejas especiais Verace (a partir de R$ 15), cachaças de Moema, Passa Quatro e Bom Despacho (entre R$ 6 e R$ 8, a dose) além de vinhos mineiros (a partir de R$ 46) e o drink Um brinde à Lagoinha, caipirinha feita com cachaça de Moema e cagaita (R$ 15).
O Tacho. Rua Patrocínio, 1, Carlos Prates. (31) 3110-8802